Matéria foi publica na edição 1261 do Jornal O Florense
Banda Santa Cecília: música para viver 100 anos
Pode-se dizer que a Banda Santa Cecília tem muitos significados. Foi uma banda de Caxias do Sul, Flores da Cunha e Nova Pádua sem nunca ter saído do seu lugar de origem e sem nunca ter mudado seu objetivo de levar alegria, mas também de prestar homenagens. De muitos rostos, idades e palcos, a Banda Santa Cecília de Nova Pádua parece ter encontrado a fórmula da juventude, mantendo-se ativa por 100 anos, comemorados no próximo dia 20 de abril.
A Banda Santa Cecília, que apresenta a trilha sonora da imigração italiana, tem uma idade definida, mas seus integrantes não. Dos 14 aos 72 anos, o segredo de uma vida longa é a renovação e o aprendizado em conjunto, independente de idade. É assim com a estudante Giovana Daniel, 14 anos, e com o agricultor Próspero Menegat, 72 anos. Idades que contrastam, mas se unificam quando a Banda se junta nos ensaios.
Foto: Camila Baggio |
O lugar que Giovana ocupou nos primeiros anos foi na percussão. Função antes desenvolvida por Menegat. Aos sete anos a estudante começou os ensaios com o grupo e não parou mais. Hoje toca clarinete e comemora sete anos de Banda com orgulho: ela dá continuidade à participação da família que começou com o bisavô, o avô, tios e a mãe Cristina Pecatti Daniel. Quatro gerações de música resumidas em uma banda. “Eu sempre gostei muito. Fiquei cinco anos na percussão e fazem dois que comecei a tocar clarinete. A participação é importante para manter a história, a tradição e a cultura de Nova Pádua, dando também uma continuidade”, acrescenta Giovana.
Estimulada pela participação familiar, a estudante valoriza a dedicação dos músicos ao longo destes 100 anos. “A doação é espontânea dos integrantes em prol da Banda”, complementa. A mãe de Giovana integra o grupo há 15 anos como vocalista – a participação com a voz foi uma inovação que deu uma alavancada nas apresentações da Santa Cecília por volta de 1998. “Quando a gente vê tantas pessoas ajudando e se doando, porque nós também não podemos fazer a nossa parte? É isso que leva as pessoas para a Banda. E os jovens também devem valorizar, pois com o passar do tempo isso vai se mostrando de grande valor”, opina Cristina.
Ele tocou no próprio casamento
Grande valor também na carreira musical de 43 anos do agricultor Próspero Menegat. Aos 72 anos ele não pensa em parar, pelo contrário, a vontade de participar só aumenta. Quando jovem Menegat prestou serviço militar em Vacaria, onde integrou durante um ano a Banda Militar. Nasceu ali o gosto pela música que existe até hoje. Durante esses anos foram muitos os instrumentos que o paduense tocou, da percussão até o atual, o trompete. “Eu sempre dei e ainda dou tudo de mim pela Banda Santa Cecília. Muito em respeito aos mais antigos que também fizeram isso. Eu nasci e me criei em Nova Pádua, conheço todos e a Banda ajudou a conhecê-los ainda mais. Tocamos em casamentos, participações religiosas, comemorações, funerais e até no meu próprio casamento”, valoriza o agricultor.
Sempre atuante em Nova Pádua, a Banda Santa Cecília está ganhando palcos também fora do município. “Animamos festas, comemorações, desfiles, a Feprocol, na Igreja, além das apresentações em outros municípios, como na Festa do Divino Espírito Santo, no distrito caxiense de Criúva, onde tocamos há mais de 25 anos. Gosto muito da convivência com meus colegas. Sinto-me feliz de festejar esses 100 anos e é um orgulho poder representar toda a turma antes de nós. E hoje eu sou o ‘nôno’ da banda”, brinca Menega.
Foto: Divulgação |
Texto: Camila Boggio - Jornal O Florense.
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