quinta-feira, 27 de outubro de 2016

“Nós sempre admiramos a Banda Santa Cecília”

No sábado, 22 de outubro, a Banda Santa Cecília de Nova Pádua participou de um momento muito especial na vida do casal Armindo Andreazza e Barbera Menegat Andreazza, que subiram ao altar para celebrar as Bodas de Ouro. 

Boda, é a festa que celebra o aniversário de casamento. No Brasil, as bodas de prata (25 anos de casamento) e de ouro (50 anos) são as mais conhecidas e comemoradas. 

Todas as datas e aniversários são importantes para os casais felizes, mas enquanto as comemorações dos primeiros aniversários de casamento passam-se na intimidade, as bodas maiores assumem um caráter eminentemente social. É quando a comemoração exige maior brilho e destaque. Em geral, não só a família, mas todos os amigos são convidados para participar da celebração. 

Poucas pessoas conhecem a origem etimológica da palavra boda. Ela provém da palavra latina votum, que significa promessa. Desta forma, quando se diz "minha boda" estamos dizendo "minha promessa" e por isso a “boda” é a renovação do compromisso do matrimônio. 

Como menciona o convite, Armindo e Barbera compartilharam alegrias e conquistas, superaram dificuldades e com amor construíram uma família. Os anos se passaram e o amor permaneceu. 

Barbera, natural de Nova Pádua, carrega com ela o carinho e a admiração pela Banda Santa Cecília. “Lembro com saudades do tempo de criança, das festas e dos desfiles de 7 de Setembro. Quando estudava no Colégio das Irmãs, tinha que marchar no ritmo da Banda, recorda ela. 

A intenção do casal era contar com a presença da Banda em seu casamento. “Sempre sonhei com isso e graças a Deus tive essa alegria na celebração das nossas Bodas de Ouro”, destacou Barbera. 

Em nome do Presidente da Banda Gilmar Marin, o Maestro Lino Pecatti e demais músicos, agradeço pelo carinho para com essa entidade e pela honra de participar deste momento único e que ficará marcado na lembrança de todos nós. Se tem alguém que precisa agradecer, certamente, é a Banda Santa Cecília de Nova Pádua. Obrigado Sr. Armindo e Sra. Barbera. 

Por: Maicon Pan

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Banda Santa Cecília participa das homenagens à Nossa Senhora Aparecida

No domingo, 16 de outubro, o Município de São Marcos celebrou a Festa de Nossa Senhora Aparecida e a festa dos caminhoneiros. A festa oficial da padroeira do Brasil contou com a presença da Banda Santa Cecília de Nova Pádua. 

A festa oficial da padroeira contou com uma alvorada festiva, com celebração da missa festiva e procissão com imagem pelas principais ruas da cidade e por fim a benção aos automóveis, caminhões e aos devotos. 

A Banda Santa Cecília partiu de Nova Pádua as 4:45 da manhã para se deslocar até São Marcos e abrilhantar a festa que teve uma programação toda especial. 

Para o Presidente da Banda, Gilmar Marin, é uma honra participar da festa de Nossa Senhora Aparecida e homenagear os caminhoneiros, esses profissionais que enfrentam as dificuldades da estrada, a insegurança e a saudade da família. 

Neste dia de celebrações, reflexões e muita oração em comunidade, queremos pedir a Maria que atenda as necessidades do povo e derrame graças e bênçãos sobre todos os músicos da Banda Santa Cecília. 

Por: Maicon Pan

terça-feira, 18 de outubro de 2016

HISTÓRIA DO TRAVESSÃO BARRA

Iniciaremos nosso registro histórico então, com o Travessão Barra, aproveitando a oportunidade em que a comunidade redescobre o seu sino centenário, sim, pois o sino do Travessão Barra está fazendo 100 (cem) anos. 

O sino centenário 
Segundo está registrado no próprio sino, o ano de fabricação do mesmo foi 1916. É um belo sino feito de bronze e ferro fundido, fabricado pela fundição de Giovanni Bellini, imigrante italiano nascido em 07/11/1863, e que viveu em Marostica, onde exerceu a profissão de ourives. Veio para o Brasil com o pai em 1877, e dedicou-se primeiramente ao negócio de joias relógios e bijuterias e, vendo a necessidade de fabricação de sinos para as novas igrejas das colônias, em 1885 montou uma fundição nos fundos de sua loja, na colônia Conde d’Eu, hoje município de Garibaldi. Em 1954, a fundição foi transferida para Canoas.

Com relação à chegada do sino, no entanto, não há maiores informações, então não é possível precisar o dia ou mês em que o mesmo chegou ao Travessão Barra. No entanto, sabe-se que a fundição Bellini fazia sinos principalmente por encomenda e, como se trata de um sino fabricado em 1916 como está incrustado no próprio sino, se foi encomendado para a igreja do Barra, este também deve ser o ano de sua chegada.

O campanário onde está localizado o sino, também de pedra, é mais recente. Foi construído após a construção da própria igreja, seguindo o mesmo estilo, harmonizando com a igreja. A sua construção foi idealizada e projetada e executada pelos moradores do travessão. A construção possui aproximadamente 10 (dez) anos, o que nos remete ao ano de 2006 como sendo o da construção.


O sino do Travessão Barra, é uma vigorosa peça que pesa, estima-se, aproximadamente 80 (oitenta) kilos, e tem aproximadamente sessenta centímetros de altura, por quarenta centímetros de diâmetro, e tem nele incrustadas a imagem de Santa Lúcia e, ao lado dela, uma folha de sálvia. Na antiguidade a folha de sálvia representava a saúde e longevidade, pois era usada para curar. No sino também há desenhos geométricos e assimétricos, e pequenos anjos. Pode-se dizer, que o significado da junção de todos os símbolos incrustados no sino, pelo que eles representam, que ele tocaria em honra a Santa Lúcia desejando saúde e longevidade a todos, mas é claro, admitimos, esta é uma interpretação poética do significado. 

A capela 
Segundo registro no Stafetta Riograndense de 1935, foi no dia 20 de outubro de 1935 que foi inaugurada a atual e belíssima capela totalmente de pedra, dedicada a Santa Giuliana (Santa Juliana) e Santa Libera. A missa iniciou às 10 horas e foi celebrada pelo Padre Evaristo Capuccino. Após houve uma grande festa com morteiros, foguetes, jogos, comida, bebida, doces, e com a presença da Banda. Na ocasião eram fabriqueiros: Pietro Battistella, Felice Gelain e Pietro Marin, bem como o octogenário Giovanni Bernardi, fundador da capela, que já há 45 anos (o que nos remete a data de 1890), ensinava o catecismo, e que, com suas próprias forças, ainda em 1890 edificou uma capelinha em honra a Santa Libera e Santa Giuliana no lote 36 do então Travessão Mutzel, segundo relatos dos moradores, onde atualmente estão as terras do Sr. Eloi Marin. No local ainda há vestígios da capela. 

Segundo o Padre Antonio Galiotto, João ou Giovanni Bernardi era um “homem baixinho, mas que todos os anos organizava a festa de “Sta. Giuliana del vin bianc”, quando eram provados os primeiros vinhos brancos do ano mas. Portanto, a devoção do travessão Barra a Santa Giuliana e a Santa Libera, remonta a mais de 126 anos. 

O mestre construtor da atual capela foi Cristiano Grandi, segundo notícia do Staffeta Riograndende de 1935. As pedras de sua construção vieram da pedreira de Osvaldo Marin. A porta da igreja foi doada por Antonio Morandi. As pias de água benta da entrada foram doações da família Zanatta (sem registro de data) e de Bortolo Marin (em 1942). Abaixo altar da igreja com as Imagens de Santa Libera (protetora das mulheres na hora do parto) e Santa Juliana.

A capela é dedicada originalmente a Santa Líbera e a Santa Juliana, devoção que a comunidade mantém até hoje, realizando festas – “sagras”, todos os anos, na primeira quinzena de abril. A capela também é dedicada a Nossa Senhora dos Navegantes, devoção esta que veio mais tarde, e a festa em sua honra realiza-se sempre em outubro de cada ano.

Neste ano de 2016, a missa em honra a Nossa Senhora dos Navegantes foi realizada ao ar livre sob a frondosa sombra de uma cipreste localizada ao lado da igreja, e ao belíssimo som do sino centenário, finalizando a “sagra” com um boníssimo “pranzo”, com sopa de agnholini, lesso, “pien”, churrasco, galeto, tudo regado a um “bon vin di tavola”, da região.

Missa em honra a Nossa Senhora A parecida, no dia 09 de outubro
A escola 
No dia 09 de novembro também de 1935, segundo registro no Stafetta Riograndense de 1935, com o mesmo entusiasmo os cidadãos do Travessão Barra inauguraram a escola que contava com aproximadamente quarenta alunos ensinados pelo jovem professor Arcangelo Vasata. Estavam presentes na ocasião, o Sr. Ettore Curra Prefeito municipal, Apparicio Borguetti (sotto prefetto - vice-prefeito), Vittorio Ranzolin – secretário municipal, Rev. Don Enrico Gelain, que abençoou a escola e um belo quadro de Santa Terezinha, patrona da escola. Após comemoraram com um belo churrasco, ao som das poesias e músicas recitadas e cantadas pelos alunos.

Seria uma escola de madeira coberta de scandole de 10mx8m, e que por um tempo teria sido usada como salão nas festas. Esta escola estaria nas terras da família Battistella do outro lado da estrada em relação à igreja. Segundo Gema Tonet e o Padre Antonio Galiotto, o primeiro professor, por volta de 1930, teria sido Pedro Bernardi. Arcangelo Vasata teria lecionado no Mutzel e a tarde no Barra, o que nos leva a crer então, que poderia ter havido uma escola antes daquela inaugurada em 1935 ou então, que Pedro Bernardi e Arcangelo Vasata lecionaram juntos nesta escola. O nome desta escola era Coelho Neto. 

Contudo, segundo registro no Stafetta Riograndense de abril de 1935 anunciando a ultimação das obras da igreja e da nova escola, efetivamente há também o registro que já havia anteriormente a esta nova escola, outra escola que funcionava na casa do Sr. Giacinto Volpato, que cedeu o espaço para que Arcangelo Vasata lecionasse.

Mais tarde, segundo Gema Tonet, após o ano de 1963 (estima-se que por volta dos anos 1970/1971 - segundo informação dos moradores locais), foi construída a segunda escola em alvenaria, nas terras de Laurindo Pilati, que passou a chamar-se Escola Rural Isolada do Travessão Barra. Com a emancipação do município em 1993 a atual escola que ainda permanece próximo à igreja, foi desativada. 

O salão comunitário 
O primeiro salão que se tem registro seria a própria escola inaugurada em 1935 e que nas festas servia de salão para a comunidade, segundo relato de Gema Tonet. O atual salão, contudo, feito em alvenaria, foi construído por volta do ano de 1991, medindo 40m por 15m, num total de 600m² e tem capacidade para receber 550 pessoas, possuindo, “bodega”, cancha de bochas, cozinha e churrascaria e campo de futebol.

Segundo o Padre Antonio Galiotto, no passado o Sr. Antonio Zanatta possuiu uma serraria e mais tarde uma fábrica de vassouras, mas a aptidão dos moradores do travessão sempre foi agrícola, com o cultivo de parreirais, pêssegos, ameixas, cebola, alho, chuchu entre outras culturas atuais. 

As colônias - o território e sua ocupação 
Em sua divisão política, ao que tudo indica, quando houve a distribuição das colônias era diversa da atual divisão que se estabeleceu espontaneamente pela frequência e participação das famílias no núcleo comunitário. O atual travessão Barra é composto de uma fração que originalmente, segundo a obra: “Povoadores da colônia Caxias” de Mario Gardelin e Rovilio Costa, pertenceria ao travessão Mutzel, e era chamada de “território novo da colônia Caxias” e o travessão Barra era o fim destas terras novas, sendo o seguinte: 

Travessão Barra – divisão originária 
Cipriani Francesco, lote 1 de 302.500m², quitado em 1894. Também nesta data Francesco teria quitado o lote 13 de 244.715m² de Albino Negrini do Travessão Esmeralda de Flores da Cunha. 

Caon Giseppe, lote 2 de 302.500m², quitado em 1893, 

Cipriani Giuseppe, lote 3 de 302.500m², quitado em 1894, 

Gondolo Bartolomeo, lote 4 de 302.500m², quitado em 1894, com 30 anos, esposa Lucia 27, e filha Lucia 1 anos, vieram com o navio San Marco que chegou ao Rio de Janeiro em 19.02.1887, era camponês de profissão. 

Caon Antonio, lote 5 de 302.500m², quitado em 1895 (registro no navio “Città di Roma” de 18.03.1890, vindo de Gênova, passageiro nº 74).

Pezzetti Francesco (o Pazzetti), lote 6 de 302.500m², quitado em 1894, lote 7 de 234.000m² - sobre este lote só temos a informação de sua dimensão, assim como com referência ao lote 8 de 228.500m². Já com relação aos lotes 9 a 11 não temos nenhuma informação. 

Cecchin Giuseppe, lote 12 de 302.500m², quitado em 1893, nasceu em 13.05.1867 em Cesiomaggiore-BL, casou em 8-8-1894 em Caxias com Catterina Candiago, nascida em 24.06.1877 em S.Giacomo di Veglia-TV. Era filho de Giuseppe e Angela Amandio. Contudo, como já dito, estima-se que da parte atribuída ao Travessão Mutzel, organizou se forma espontânea como Travessão Barra, mas que estão listados originalmente como Mutzel: 

Pia d' água benta oferecida pela família de Bortolo Marin
Bernardi Giovanni II, lote 29 de 341.040m², quitado em 1894, com 30 anos, esposa Maria Rossi (ou Boni) 25 anos, filhos Giovanni 2 e Carolina 7 meses, chegou em 11.04.1886 com navio Brosnero (números 18 a 21 no navio), junto ao possível irmão Francesco, partiu para POA em 23/4 pelo paquete Rio Pardo, para Caxias a 24-4. Também veio junto Anna Rosa de 62 anos viúva.

Bernardi Francesco, lote 30 de 305.760m², quitado em 1893, chegou em 11.04.1886 com navio Brosnero (números 17 no navio). Após seguiu para POA em 23-4 pelo paquete Rio Pardo, para Caxias a 24-4, agora nesta segunda parte da viagem acompanhado de Domenica 19 e Teresa 26 (em Povoadores da Colônia Caxias).

Battistela Silvestro, lote 31 de 341.040m², quitado em 1893, chegou ao Rio em 22-1-1887 com o Piroscafo Righi (números 38 a 43 no navio), tinha 58 anos, com a esposa Elena 57 anos, e os filhos Francesco 20, Antonio 16 c.c. Maria 29; Tommasina 22, em POA a 4-2 pelo paquete Rio Pardo a Caxias.

Marin Pietro, lote 32 de 305.760m², quitado em 1893, com 41 anos chegou em 11.04.1886 com navio Brosnero, com a esposa Luigia Bernardi de 31 anos, e o filho Filippo 2 anos. Seguiram para POA em 13-4 pelo paquete Rio Pardo e para Caxias em 14-4. Segundo Registro no Stafetta Riograndense de 1933, em 05.02.1933, faleceu Genoina Marin, filha de Pietro Marin e Genoveva Vazatta (Genoveva era filha de Vicenzo Vazata de Cesiomagiore-BL que se estabeleceu no lote 8 do Travessão Oeste Leonel, e casou aqui no Brasil com Maria Rigo de Cismon del Grappa-VI). Ela, Genoina era bisneta de Pietro Marin e Luigia Bernardi. A pequena morreu de meningite e, no mesmo dia, 9 horas depois faleceu também a sua bisnonna Luigia Bernardi que já estava acamada há longos seis anos. Luigia estava com 78 anos e foram enterradas na mesma cerimônia. Filippo teve um filho que morreu em 03.02.1933 com 26 anos de idade e que há 10 anos estava com os padres.

Battistela Francesco, lote 33 de 341.040m², quitado em 1893, 

Cello(a) Pietro, lote 34 de 305.760m², quitado em 1895, 28 anos – chegou em 11.04.1886 com navio Brosnero números 83 a 86, mulher Rosa Della Rosa 32 anos, filhos Maria Domenica 3 e Giovanni Domenico 10 meses, seguiu para POA em 23 pelo paquete Rio Pardo.

D’Agostino Lorenzo, lote 35 de 341.040m², quitado em 1895, 

Pia d' água benta oferecida pela família de Bortolo Marin
Bernardi Giovanni, lote 36 de 305.760m², quitado em 1895, a princípio não haveria como saber se este Giovanni seria o do lote 29, contudo, como vieram em dois irmãos parece razoável que tivessem se instalado um ao lado do outro, pelo que se presume que este possa ser outro Giovanni. Segundo Stafetta de 24.05.1944, Giovanni Bernardi nasceu em 1856 em Belluno na Itália e era casado com Dominga Deboni, veio ao Brasil com 30 anos em 1886 e ficou viúvo aos 44 anos. Tinha 10 filhos, um deles se chamava Alberto. Logo que chegou ao Brasil construiu um oratório em suas terras e rezava o rosário e ensinava o catecismo no Travessão Barra. Morreu em 14.04.1944 com 88 anos. 

Também em notícias do jornal Sttaffeta Riograndense de 1939, está registrado que Angelo Caon, casado com Veronica Vazata também eram moradores do travessão Barra em 1939, ano em que perderam uma filha de 13 meses num incêndio, bem como a casa e todos os bens, e ficaram somente com as roupas do corpo. 

Nossa pesquisa nos permitiu colher estas informações. Como já dissemos antes, estamos abertos a receber novas e quaisquer informações, para complementar a pesquisa, pelo que contamos com o auxilio de todos.

Por ora, nos cumpre apresentar nossos parabéns ao virtuoso povo do travessão Barra que com vista a preservar seu patrimônio religioso e cultural, recentemente trocou todo o telhado da igreja e festejou o seu sino centenário. 

Um agradecimento especial pela ajuda e empenho pessoal do Sr. Gilmar Marin que auxiliou na coleta de informações e imagens, tornando gratificante, e facilitando nosso trabalho de coleta. Obrigada Gilmar. 

Fontes: Documentos históricos; Jornais e documentos do Arquivo Histórico de Caxias do Sul João Spadari Adami; Obra: Povoadores da Colônia Caxias por Mário Gardelin e Rovilio Costa, Segunda Edição 2002, Ed. Est. Edições; Informações colhidas junto aos moradores locais, a Obra Nova Pádua e a sua história, do Pe. Antônio Galiotto e a obra Nova Pádua – Histórias das Escolas: Viagem no Tempo, da professora aposentada Gema Menegat Tonet.

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

PPROJETO 130 ANOS DE IMIGRAÇÃO ITALIANA EM NOVA PÁDUA

Dando seguimento ao projeto de resgate histórico lançado em 02.06.2016 com os festejos alusivos aos 130 anos de imigração italiana em Nova Pádua, marcados pelo FILÒ, queremos dar seguimento ao projeto, destacando que, enquanto a Serra Gaúcha, ou o Rio grande do Sul, comemoram 141 de imigração italiana, em Nova Pádua, neste ano de 2016, comemora-se 130 anos, porque foi no ano de 1886 que chegaram os primeiros imigrantes em solo paduense. Portanto, ambas as datas estão corretas, observando-se em que contesto está sendo analisado. Isto ocorreu porque o fenômeno da imigração não ocorreu de uma só vez. Os imigrantes iam chegando e ocupando as terras mais próximas aos centros urbanos e enquanto isto o Império sob o governo de Dom Pedro II ia desbravando e tracejando as colônias que seriam ocupadas em seguida. O primeiro centro urbano foi em Nova Milano, na 1ª Légua no ano de 1975 (daí porque a região, mais especificamente a Serra Gaúcha comemora 141 anos da chegada dos primeiros imigrantes em solo gaúcho). 

Nova Pádua, segundo o historiado estudioso João Spadari Adami, teria como ano de fundação 1885, a partir de então o território estava pronto para receber os imigrantes, os travessões identificados e as colônias divididas. Na época, Nova Pádua, ou Nova Padova como era chamada por nossos imigrantes, era o quarto distrito da Colônia Caxias, e compunha as ditas terras novas da Colônia. Os nomes dos travessões, segundo os historiadores Mario Gardelin e Rovilio Costa, eram decorrentes dos nomes dos agrimensores como: Mutzel – Ernesto Mutzzel Filho; Leonel – Leonel Pereira Gomes; Paredes – Clodomiro Paredes; ou homenagem às autoridades: Acioli – Ten. Cel. Francisco de Barros e Accioli Vasconcelos – inspetor da colônia Caxias em 1884. Serro Largo, Serro Grande e Barra são nomes decorrentes de acidentes geográficos; e, Divisa o nome provém da colônia e Bonito, recebeu este nome porque os agrimensores teriam ficados deslumbrados com o local.

Igreja das comunidades do Bonito, Barra, Cerro Grande e Paredes
Os imigrantes Italianos vinham preponderantemente da região do Vêneto que é formado pelas províncias de Padova, Belluno, Vicenza, Verona, Veneza, Rovigo e Treviso. Vinham com suas famílias ou homens solteiros. Os “nonos” geralmente ficavam na Itália, o que pode ser observado pelas idades dos passageiros nas listas de estrangeiros que entravam no Brasil. Deixaram a Itália em busca de melhores condições de vida, em busca de terra própria, fugindo da fome e das constantes guerras. Embarcavam no porto de Gênova, em viagens de navio a vapor que duravam cerca de trinta e seus dias. Estima-se que precisaram mais ou menos de um mês após chegar ao Rio de Janeiro, para chegar efetivamente em Nova Pádua e tomar posse da terra e, em que pese os registros feitos tenham principalmente pessoas originárias de Padova, umas das hipóteses para origem do nome do povoado, ainda não é permite afirmar que a maioria dos imigrantes que se instalaram em Nova Pádua eram originários de Padova-It. Quem sabe no futuro, com o avanço dos estudos, tenhamos esta informação. Precisamos desvendar a nossa história e registrá-la, e o que a AVENP e a Banda Santa Cecília estão fazendo é isto, resgatar, contar, e registrar a nossa história. 

A pesquisa histórica 
Foi em virtude da proximidade da festa do centenário da Banda Santa Cecília que tudo começou. Sentimos a necessidade de registrar a história da entidade que é mais antiga que próprio Município de Nova Pádua a que pertence, e até mesmo de Flores da Cunha a quem pertenceu e, foi assim, pesquisando a história da Banda que nos deparamos com fragmentos da história de Nova Pádua dos quais tínhamos ouvido falar por nossos antepassados. 

A sensação era de que Nova Pádua não tinha uma longa história, tudo parecia recente, exatamente porque não havia uma compreensão de que temos uma história própria que independe da “grande história” de outras cidades. Foi pensando nisto que iniciamos este caminho, despretensioso, sem verdades fechadas, sem afirmações inabaláveis, pois temos a compreensão de que pouco sabemos, e muito ainda precisa ser pesquisado. As pesquisas de João Spadari Adami, Frei Rovilio Costa, Mário Gardelin, Padre Antônio Galiotto, Gema Menegat Tonet, alguns livros de história de famílias, assim como alguns trabalhos produzidos pelos alunos da Escola Luis Gelain, dentre outras fontes, vão compondo este conjunto de informações que ora passaremos a abordar por divisões geográficas, por travessões, aproveitando as informações religiosas que irão sendo colhidas ao longo de um ano, passando por todas as festas de comunidade. A partir de agora, tentaremos contar um pouco da história de nossos travessões. 

AGUARDEM: o primeiro travessão a ser abordado será o Travessão Barra, que no dia 09 de outubro próximo, fará a sua festa de centenário do sino.

Texto: Nair Panizzon Baroni