Texto publicado na edição nº 11664 do Jornal Pioneiro
A estudante Geovana Daniel, 14 anos, é uma das integrantes mais jovens da Banda Santa Cecília, de Nova Pádua, mas está longe de ser uma novata. Geovana representa a quarta geração de músicos da família Daniel. A guria sempre foi incentivada a participar dos ensaios. A mãe, Cristina, por sua vez, recebeu estímulo dos irmãos, do pai e do avô, todos autodidatas.
Essa relação familiar é, possivelmente, o aspecto mais interessante na comemoração do centenário de atividades ininterruptas da Banda Santa Cecília celebrado neste sábado. – Sempre participei das festas, tinha sete anos quando entrei, tocando bumbo. As pessoas diziam que eu tinha ritmo e me incentivavam – lembra Geovana, atualmente tocando clarinete.
Foto: Tríssia Ordovás Sartori |
Quando a banda surgiu, era uma das únicas expressões artísticas da época, animando eventos culturais, sociais, religiosos e políticos. A ligação com o município de origem é tão forte que é difícil encontrar uma família sem relação com a banda. Muitas crianças cresceram em meio a instrumentos musicais, ouvindo antepassados ensaiando dentro de casa e aprendendo a gostar de música com raízes italianas.
– O grupo acabou virando uma família também. Dividimos momentos alegres e tristes – relata Cristina, vocalista e percussionista há 10 anos.
O segredo da longevidade, para ela, é o voluntariado, o amor e a doação. A música surge como bálsamo na rotina atribulada dos descendentes de imigrantes. – Às vezes a gente chega em casa muito cansada do trabalho duro e a música reaviva, dá ânimo. Vale a pena todo o esforço – avalia.
Foto: Divulgação |
Para a jovem clarinetista, o papel desempenhado proporciona senso de pertencimento a uma região. – A cultura de Nova Pádua desperta minha atenção, para ajudar a conservar a história dos antepassados – afirma.
Graças à alternância de cabelos grisalhos e rostos jovens, de mãos calejadas pelo trato com as videiras a outras nem tanto, a harmonia mantêm-se entre os 21 integrantes – número idêntico ao da primeira formação, em 1913 – prolongando os sonhos dos imigrantes italianos que apostaram na coletividade para desenvolver a região.
Fonte: Tríssia Ordovás Sartori / Jornal Pioneiro
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