terça-feira, 20 de dezembro de 2016

TRAVESSÃO DIVISA - A CAPELA D’ELLE ANIME

Segundo o noticiado no jornal Staffetta Riograndense de 22 de julho de 1925, foi no dia 08 de agosto de 1925 que foi benta a igreja recém-construída em material da Capela das Almas. Na ocasião eram fabriqueiros os Senhores Beniamino Arcaro, Bortolo Menegat e Antonio Menegat. O convite para a festa foi dado com uma pitada de humor. Abaixo a noticia/convite:

Staffetta Riograndense de 22 de julho de 1925
O nome atribuído ao fato de ser uma “divisa” entre os travessões. Essa divisa entende-se do Sul ao Norte, e Leste que vai do oriente ao poente, sendo que o Sul termina no Rio Oitenta, num leito profundo e inacessível. 

Este Travessão tem 29 colônias, que foram divididas por volta do ano de 1893 e colonizadas por imigrantes italianos Vênetos a partir de 1894. Foi o travessão privilegiado, pois nele foi reservada a colônia nº 17 para “il paese”, próximo ao cemitério atual, para a futura cidade de Nova Pádua.

Em 1909, foi doado e escriturado um terreno do Sr. Martino Tatto, para construção do 1º capitel de madeira, promessa do Sr. Ângelo Arcaro. Os dois imigrantes foram os fundadores da comunidade que a partir de então começaram a trabalhar e se estruturar. 

A primeira “bodega” 
Foi construída por volta de 1920, num tamanho de 3 x 4 metros em chão batido. Com uma pequena janela e porta de madeira eram vendidos doces, vinhos e cachaça de produção dos próprios agricultores da comunidade. Nos encontros, os amigos jogavam baralho ao ar livre e bocha na raia de chão batido, na beira do rio. 

Usina Rural 
Nas proximidades da propriedade do Sr. José Menegat, um grupo de famílias construiu uma Usina Rural de Luz Comunitária, usada para o uso doméstico. A mesma foi desativada em 1974 após a chegada da energia elétrica para toda a região. 

Igrejas 
Em respeito à devoção e a memória dos imigrantes, em 1925,construiu-se uma nova capela de alvenaria, em devoção as Almas do Purgatório. Além da devoção às Almas, a partir de 1941 também introduziram as imagens de Santa Bárbara e Santa Lúcia.

Em 2008 foi realizada a restauração interna e externa no Antigo Capitel das Almas do Purgatório. No dia 06 de junho de 2004 foi realizada a inauguração da nova igreja da comunidade. Na ocasião foi celebrada uma missa pelo então Bispo da Diocese de Caxias do Sul D. Paulo Moretto, Pe. Mário Pasqual e o pároco da paróquia Santo Antônio, Pe. Hilário Piazza. 

História das Almas do Purgatório 
O fato aconteceu com o Sr. Ângelo Arcaro, que era sacristão e escrivão da igreja. Uma noite, quando Arcaro havia terminado suas tarefas na paróquia, entrou numa “bodega” situada em frente a Igreja Matriz, para conversar e tomar um aperitivo. 

Quando estava montando em seu cavalo, único meio de transporte da época, o dono Do bar foi até Ângelo e pediu para que tomasse cuidado porque pessoas estranhas estariam planejando matá-lo. Ângelo não deu muita importância e voltou para casa.

Sacristão e Escrivão da Igreja Ângelo Arcaro
Certo dia Arcaro teve quer ir a Flores da Cunha pelas estradas feitas com ferramentas manuais. No entardecer, ao se aproximar da comunidade, Ângelo, avistou um grupo de revolucionários (pessoas que não tinham admiração por padres e superiores) que estava a sua espera. Depois de muita perseguição, o escrivão conseguiu chegar até a porteira, que hoje da acesso as famílias Salvador e Menegat. 

Ângelo, já sem forças invocou as Almas do Purgatório. Neste instante, os revolucionários avistaram um grande numero de pessoas a sua volta e recuaram e nada de grave aconteceu com Arcaro. Passado algum tempo, Ângelo entrou novamente na “bodega” e encontrou-se com os revolucionaram que o interrogaram sobre quem eram aquelas pessoas que estavam a sua volta e Ângelo respondeu que estava sozinho, mas os revolucionários afirmaram que tinha muita gente que o cercava.

Ao fundo, atrás do altar, o quadro das "Almas do Purgatório"
Ao voltar para casa Ângelo refletiu sobre os revolucionários e entendeu que poderiam ser as Almas do Purgatório que tinha invocado com tanta fé e ardor. Como tudo tinha iniciado na colônia nº 09, do Sr. Martino Tatto, Arcaro explicou o que tinha acontecido e Tatto doou uma pequena área de terra para a construção de um capitel. Juntos construíram uma igrejinha de madeira por volta de 1900. O terreno foi escriturado e registrado este terreno em nome das “Almas do Purgatório” em 1909. 

Como forma de gratidão por não ter sofrido nada no atentado, seu Ângelo doou à capela o Quadro com a imagem das “Almas do Purgatório”. 

Padroeiros 
No novo capitel construído em 1925 foram introduzidas as imagens de Santa Barbara e Santa Lucia, ambas homenageadas anualmente no inicio do mês de dezembro.

Santa Bárbara: protetora contra os raios, vendavais e tempestades. Bárbara foi trancada no alto de uma torre, mas seu pai vendo que a mesma não se redimia para seguir suas falsas doutrinas, num impulso de irá, corta-lhe a cabeça com uma espada. Mas no mesmo instante um raio fulminante atinge seu pai que também o leva a morte. Depois disso, Bárbara passa a ser venerada como a protetora contra os relâmpagos, vendavais e tempestades do tempo e das maldades vida. 

Santa Lúcia: invocada como protetora contra as doenças dos olhos. Lucia era muito devota e fiel a Deus. Por isso foi denunciada pelo seu noivo, ao Imperador da época, por Ela negar-se a fazer parte da grande Corte. Então ele envia seus soldados à procura dela, pede que a torture e após lhe tirem a vida. Mas na tentativa de lhe vazar os olhos, Lúcia acorda no dia seguinte com um belo par de olhos, e um soldado em fúria, mata-a cortando-lhe a garganta com um golpe de espada. Por este fato, Lúcia passa a ser venerada como a Protetora nos males da visão do corpo e canal de Luz para a visão da alma.
 
São Peregrino: é o protetor do mal do câncer. No início de 2008, os líderes comunitários, fabriqueiros e festeiros conversaram com o Pe. Hilário Piazza para expor a intenção da comunidade de ter São Pelegrino como padroeiro. No dia 01 de junho daquele ano, realizou-se uma grande festa religiosa, com procissão que iniciou na Igreja Matriz de Nova Pádua. 

Escola Municipal Euclides da Cunha 
Euclides da Cunha nasceu no Rio de Janeiro, no dia 20 de janeiro de 1866. Faleceu no mesmo estado, em 1909, aos 43 anos de idade. 

No ano de 1937, quando foi instalado o Grupo Escolar de Nova Pádua tinha uma lei que dizia que as escolas só podiam funcionar a 3 quilômetros de distância da sede. Na Divisa, a escola estava localizada a pouco mais de 1 quilometro e meio. A escola foi construída na colônia de Antônio Tonello para facilitar a ida dos alunos Divisa, parte do Paredes, do Travessão Alfredo Chaves e do Capoeirão. 

O Professor Antônio Tibolla, de forma gratuita, lecionava à noite para alunos de mais idade da Divisa. E de dia na Escola Humberto de Campos, no Capoeirão. O primeiro professor que lecionou nessa escola foi João Deboni. As condições da escola eram precárias, havia apenas algumas classes e um quadro-negro.

Foto atual da Escola Municipal Euclides da Cunha
Os alunos frequentavam a escola com apenas uma lousa (pedra negra) e uma pena. Havia muita dificuldade em alfabetizar, pois o dialeto imperava em todas as famílias e, na escola, eram obrigados a falar o português. Como a escola ficou velha, os alunos foram transferidos para o salão da capela por algum tempo. Terminada a nova escola, no mesmo lugar da antiga, foi feita a mudança. Com o avanço e o progresso, a escola foi desativada. 

As escolas municipais atendiam alunos até a 4ª série do Ensino Fundamental. Nessa comunidade, como era uma das mais próximas da cidade, vários alunos frequentavam a 3ª e 4ª séries primárias na Escola de Nova Pádua. 

Lecionaram na Escola Municipal Euclides da Cunha: Bortolo Bigarella, Alice Boscatto, João Deboni, Terezinha Deboni, Iolanda Scur, Geli Maria Scur Vezzaro, Terezinha Barcaro, Orsolina Menegat, Adiles Menegat Mazzarotto, Helena Bigarella, Maria Bedin Tatto, Nilva Terezinha Bedin, Remigio Bordin, Denilza Bedin Araldi e Eledina Janete Bedin Pan. A escola encerrou as atividades nessa a Professora Laura Maria Salvador Bordin. 

As colônias - o território e sua ocupação 
Em sua divisão política, o Travessão Divisa era composto, segundo a obra: “Povoadores da colônia Caxias” de Mario Gardelin e Rovilio Costa, de 29 lotes ou colônias com as seguintes dimensões, sendo os seguintes os moradores originários: 

Cecchini Giovanni Antonio, (ou Cechini) lote 1 de 118.187m² quitado em 1893 

FALTA LOTE Nº 2 
Zanini Giovanni, lote 3 de 120.250m² quitado em 1894. Giovanni Giuseppe Zanini nasceu em 18-4-1859, em Castelgomberto-Vicenza e faleceu em 14-12-1918 em Nova Pádua. Era filho de Eugenio Zanini e Margherita Stochero, casou em 21-3-1892 na primeira Zona de Caxias do Sul, com Maria Tormen, filha de Bortolo Tormen e Luigia Paris CCC¹. 

De Bon Giuseppe (De Boni), lote 4 de 310.750m² quitado em 1894. Giuseppe De Bon nasceu em 22-04-1860, em Belluno-BL e morreu em 24-06-1923 em nova Pádua. Era filho de Bernardo e Maria. Casou em 08-04-1883 em Belluno com Raquele Costa nascida em 01-08-1862.

Prigol Giacomo (ou Pregol), lote 5 de 305.800m² quitado em 1893. Há um Registro que em 10.09.1978, teria chegado à colônia de Nova Palmira Vittore Prigol 40 anos, com a esposa Juliana de 33 anos, e os filhos: Giacomo 16 anos, Mosé 14 anos, Luigi 12 anos, Giovanni 10 anos, Maria 8 anos, Otavia 6 anos, Luigia 5 anos, n.5908-15, fl.191 (fl. 552 de Colonizadores Colônia Caxias). Também, em 1879, na V Légua, no Travessão Solferino, no lote 50, onde recebeu ¼ do mesmo, teria se estabelecido Vittore Prigol 45 anos, com a esposa Giuliana de 44 anos, e os filhos: Giacomo 24 anos, Mosé 20 anos, Luigi 18 anos, Giovanni 16 anos, Maria 13 anos, Otaviano 10 anos, Luigia 8 anos, Amabile 3, Artemio 2, dando como data de chegada a colônia em 12-09-1978 (fl. 241 de Colonizadores Colônia Caxias). 

Staffetta Riograndense de 13 de junho de 1913
Tibolla Giuseppe (ou Fibolla), lote 6 de 286.250m² quitado em 1894. (OBS: Na X Légua – Flores da Cunha, estabeleceu-se em 1880, Antonio Tibolla com 40 anos, casado e com filhos no lote 8 do Travessão Marques do Herval e, no lote 9, estabeleceu-se Giuseppe Tibolla, solteiro de 20 anos também em 1880 - fl. 352 de Colonizadores). Já no Travessão Camargo estabeleceu-se em 1884, Giuseppe Tibolla, casado, 34 anos, possivelmente provenientes de Belluno (fl. 418 de CCC ) Também, Tibolla Giuseppe Fortunato, nascido em 17-11-1862, filho de Antonio e Arcangela Troian, veio ao Rio Grande do Sul (site imigrazione).

Barcaro Luigi e filhos, lote 7 de 275.020m² quitado em 1895. 

Tronco Giuseppe, lote 8 de 291.500m² quitado em 1894. Também no Travessão Camargo estabeleceu-se um Giuseppe Tronco chegado em 1884, com 28 anos, casado com Domenica 22 anos, vindos de Belluno. 

Martino Tatto - Fato Martino (ou Martin Tatto), lote 9 de 273.750m² quitado em 1893. Martino Tatto era casado com Eva Angela Cossalter, e era pai de Angelo Vittorio que nasceu em 26-11-1885 em Feltre – Belluno, e veio a Nova Pádua onde casou com Giacomina Capelari filha de Giacomo e Domenica Loat em 17-6-1909 em Nova Pádua.

Arcaro Angelo, lote 10 de 282.250m² quitado em 1893. Segundo registro da fl. 557 de Colonizadores da Colônia Caxias, citando como fontes, as entrevistas com descendentes e registros no Correio Riograndense, Angelo Arcaro casado com Luigia Fanton, são provenientes de Vicenza. Angelo teria falecido em 28.03.1940, com 87 anos, em Nova Pádua. Refere no entanto que teria chegado a Nova Pádua em 1885, mas não há prova documental desta chegada, apenas relatos. Segundo o Site imigrazione, Arcaro Beniamino nascido em 06-07-1879 era filho de Angelo e Veronica Nicoletti, e veio ao Rio Grande do Sul. Contudo, segundo obra Povoadores da Colônia Caxias, Beniamino teria nascido em 04.03.1880 em Vicenza e morreu em 1949 em Nova Pádua. Também, na folha 736, Giovanna Arcaro, filha de Angelo Arcaro e Luiza Fanton, casou em 17-6-1911 com Luigi Sonda, em Nova Pádua. Veronica Arcaro casou com Giovanni Sonda e Luigi ou Luis Sonda casou com Joana Arcaro.

Staffetta Riograndense do dia 11 de julho de 1923
O Sr. Angelo Arcaro, segundo relato do Padre Antonio Galiotto, possuía um moinho movido a água. Era uma pessoa culta que por muito tempo fez os registros dos fatos importantes da paróquia. Escrevia em italiano gramatical e chegou a retornar para a Itália com os padres Henrique Campagnoni e Angelo Donato. Angelo teria deixado um documento descrevendo os acontecimentos de Nova Pádua com nomes e datas que, em 1944 foi transcrito no livro tombo nº 2, na pagina 06, a conselho do Bispo D. José Barea ao Padre Antonio Alessi que não guardou o original. Portanto, o Sr. Angelo Arcaro foi quem viveu e registrou parte da história dos primeiros anos de Nova Pádua. Angelo Arcaro. 

Menegat Francisco, lote 11 de 258.500m² quitado em 1893. A família Menegat é numerosa em Nova Pádua e promove encontros periódicos, havendo um livro que conta toda a história e origem da família. Toda a descendência é proveniente de Belluno, quer seja de Feltre/Norcen-Pedavena e arredores.

Menegat Giovanni, lote 12 de 282.500m² quitado em 1894. A família Menegat é numerosa em Nova Pádua e promove encontros periódicos, havendo um livro que conta toda a história e origem da família. Toda a dissidência é proveniente de Belluno, quer seja de Feltre/Norcen-Pedavena e arredores.

Menegat Francesco, lote 13 de 293.260m² quitado em 1893, casado com Giovanna Rento, era pai de Antonio Menegat que nasceu em 15-1-1874 em Pedavena Belluno e morreu em 20-6-1939 em nova Pádua. Antonio era casado com Maria Brancaglione que era filha de Pedro Brancaglione e Angela Brancaglione (fl. 728 de CCC ). 

Menegat Domenico, lote 14 de 284.350m² quitado em 1894. A família Menegat é numerosa em Nova Pádua e promove encontros periódicos, havendo um livro que conta toda a história e origem da família. Toda a dissidência é proveniente de Belluno, quer seja de Feltre/Norcen-Pedavena e arredores.

Staffetta Riograndense de 18 de julho de 1923
Ballen Angelo, lote 15 de 284.350m² quitado em 1894. Na folha 284 do CCC, há a citação de que De Boni, Ballen, Pauletti, Darold e Menegat são imigrantes Belluneses. 

Pauletti Pasquale (ou Paoletti), lote 16 de 284.900m² quitado em 1894. Na folha 284 do CCC, há a citação de que De Boni, Ballen, Pauletti, Darold e Menegat são imigrantes Belluneses. Pasquale Paoletti nasceu em 16-3-1839 em Pedavena Belluno e morreu em 10-8-1929 em Nova Pádua. Era filho de Gio Batta Paoletti e Maria Luigia Biasuz.Casou com Angela Pellin (CCC fl. 732). 

LOTE Nº 17 de 287.100m² - reservada para “Il Paese”, segundo livro Nova Pádua e Sua História do Padre Antonio Galioto que comenta: “Parece que quem decidiu isto não acreditava no progresso, pois escolheu a pior colônia que desce até o Rio Oitenta e não tem espaço razoável para uma vila e cidade, quando bem perto, tanto ao nascente como ao poente tinha espaço muito mais favorável e plano”. 

Gasso Valentino, lote 18 de 294.187m², sem informações. 

Menegat Pietro, lote 19 de 283.050m², quitado em 1893. Chegaram em 22.05.1886 sob os nºs 53/59 do navio Matteo Bruzzo, vindos de Gênova-It. Pietro Menegat nascido em 20/07/1850 e falecido em 29/12/1899 era filho de Angelo Menegat e Angela Celli. Casou com Maria Piazza, nascida em 03 ou 05/08/1851 era filha de Giovanne Piazza e Angela Cambruzzi. Casaram-se 02/09/1877 na Itália. Filhos: Angela Menegat nasceu em 06/02/1881, às 22 horas em Norcen-Pedavena-Belluno e veio para o Brasil em janeiro/1886, tendo desembarcado na Ilha das Flores no Rio de Janeiro, Angela casou-se no Brasil com Giuseppe Panizzon; Angelo Antonio nascido em 03/04/1879 as 18 horas; Giovani Battista nascido em 10/09/1882 as 20 horas; Antonio nascido em 11/03/1885 as 11 horas da manhã todos vindos de Belluno, Pedavena, Feltre conforme registro feito no Município de Pedavena em 28/03/1866. Pietro também teria tido outro filho Angelo nascido em 11/11/1877 as 23 horas e falecido em 1878. No Brasil tiveram ainda os filhos: Tereza Maria Cristina nascida em 19/04/1889 e Eliza nascida em 05/09/1982 em Nova Padova di Caxias. No Extrato de Família é possível visualizar uma anotação apagada de registro de um menino, o que leva a crer que possivelmente pode ter nascido um filho logo que chegaram ao Brasil e que teria vindo a falecer. Então teria tido dois filhos falecidos. Pietro Menegat teria tido os seguintes irmãos: Maria Menegat nascida em 1842; Corona Menegat nascida em 1848; Bartolomeu Felice nascido em 1857. Os pais (portanto nonnos de Pietro) de Angelo Menegat que casou com Angela Celli seriam Pietro Menegat e Angela Cet. 

Dalla Giacomazzo Vittorio (ver Della Giacomazza), lote 20 de 279.675m², sem informações. 

Darold Giovanni, lote 21 de 287.490m² quitado em 1893. Na folha 284 do CCC, há a citação de que De Boni, Ballen, Pauletti, Darold e Menegat são imigrantes Belluneses. No livro de registro de óbito da Paróquia Santa Teresa de Caxias do Sul, Carlo Darold morreu em 7-5-1932, com 40 anos, e era filho de Giovanni e Domenica Darold. Era casado com Teresa Pach de Belluno. 

Casal Giuseppe Vedana e Emilia Vedana
Vedana Felice, lote 22 de 332.568m², quitado em 1893. Felice Vedana era casado com Vittoria Dal Molin. Filho: Giuseppe nascido em 4-10-1881 em Sedico-BL e faleceu em 7-3-1939 em Nova Pádua. Giuseppe casou-se com Emilia Alessi (Filha de Antonio Alessi e Victoria Pilati) em 22-12-1900 em Flores da Cunha. Emilia Alessi Vedana faleceu em 25-2-1951 com 67 anos, em Nova Pádua. Giuseppe Vedana Emilia Vedana.

Morando Gaetano, lote 23 de 302.500m², sem informações. 

Scorsato Luigi, lote 24 de 302.500m² quitado em 1894, com 52 anos, viúvo, chegou ao Rio em 23/02/1886, em POA a 04/03 e em Caxias pelo paquete Rio Grande, em 23/03. 

Marcolan Bortolo, lote 25 de 302.500m², quitado em 1893. Na folha 768 do CCC, há a referencia a um velhinho “Marcolan” que teria profetizado: “Vocês se queixam da derrubado dos pinheiros para aprontar as roças. Vai chegar o dia em que os pinheiros vão ter um valor incalculável e não haverá mais.”.

Sartore Pietro, o Sartor Pietro, lote 26 de 302.500m², quitado em 1893, com 56 anos, navio Brosnero em 11.04.1886, mulher Angela Granzotto 44 anos, filhos Genoveffa 20 anos, Angelo 17 anos, Antonio 14 anos, Maria 12 anos, Luigi 10 anos, Piocenza 7 anos, Pietro 5 anos, Beniaminio 3 anos. 

Menegat Giovani II, lote 27 de 302.500m², quitado em 1894. A família Menegat é numerosa em Nova Pádua e promove encontros periódicos, havendo um livro que conta toda a história e origem da família. Toda a descendência é proveniente de Belluno, quer seja de Feltre/Norcen-Pedavena e arredores.

Staffetta Riograndense de 18 de julho de 1923
Bisinelio Giovani (ou Bisinella), lote 28 de 291.500m², quitado em 1893. Bassano Bisinella, nascido em Nova Pádua em 15-7-1896, residente em Paraí e casado com Maria Baroni, em 1891 declarou que seus pais eram originários de Rosà – Vicenza. Tinham pouca terra e vieram em busca de melhores condições. 

Pan Angelo, lote 29 de 291.500m², quitado em 1894, casado com Rosa Guidolin, nasceu em Tezze Sul Brenta, tinham como filhos Antonio e Domenica Maria (acreditam que por volta do ano de 1890) que teriam vindo dois anos antes que os pais para o Brasil. Que teriam vindo em (1892 acreditam) com os outros dois filhos Francesco e Regina. Angelo era de Campagnari de Tezze Sul Brenta. A filha Amália ficou na Itália, em Cittadella, pois casou com Domenico Zen. Angelo nasceu em 1833 e em 1864 prestou serviço militar para a Áustria. Acreditavam ser tirolês. Francisco foi para Serafina Correa, antiga Guaporé, onde fundou a Cooperativa “Estrela Guaporense”. Antonio ficou em Nova Pádua com o Pai Angelo.

Fontes:
- Documentos históricos; 
- Jornais e documentos do Arquivo Histórico de Caxias do Sul João Spadari Adami; 
- Obra: Povoadores da Colônia Caxias por Mário Gardelin e Rovilio Costa, Segunda Edição 2002, Ed. Est. Edições; 
- Obra: Colonizadores da Colônia Caxias;
- Obra: Nova Pádua e a sua história, do Pe. Antônio Galiotto; 
- Obra: Nova Pádua  - Histórias das Escolas: Viagem no Tempo, da professora aposentada Gema Menegat Tonet; e
- Obra: Memorial Comunitário, religioso, social, esportivo e cultural do Travessão Divisa, de Vera Lúcia Tatto Pan

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Festa em honra à Nossa Senhora da Saúde

No último final de semana, o Município de Nova Pádua celebrou a festa em honra a Nossa Senhora da Saúde. A programação oficial iniciou na sexta-feira com a missa do Trido. 

Fã da Banda, Abrelino Vazzatta cantou junto com Banda
No domingo, dia 20, foi celebrada a missa festiva com a participação e animação do Coral e Banda Santa Cecília. Ao término da mesma, a imagem da padroeira foi conduzida em procissão pelas ruas da cidade. Em frente as escadarias da Igreja Matriz, o Reverendo Pe. Mario Pasqual invocou a benção da saúde aos devotos. 

Ao meio dia, no salão paroquial, foi servido o tradicional almoço colonial, animado pela Banda Santa Cecília. Bernardo Sonda ressalta o carinho das pessoas com a Banda. “É importante quando o público interage com os músicos, criando um clima familiar entre todos”, destaca ele. 

O Presidente, Gilmar Marin, parabenizou os casais de festeiros pela grandiosa festa, bem como ao convite estendido a Banda para que participasse da programação religiosa e social da festa. “Os músicos sentem-se agraciados pela oportunidade de proporcionar momentos de alegria para as pessoas, resumiu Marin. 

Por: Maicon Pan

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Banda participa da inauguração do Monumento do "Leão de São Marcos" em Santa Tereza

Na última terça-feira, 15 de novembro, a Banda Santa Cecília, representada por Nair Panizzon Baroni, Maicon Pan, Érica Panizzon Baroni e Alvírio Tonet, atual presidente Associação Veneta de Nova Pádua, ex-presidente e atual vice-presidente do COMVERS, participaram da Inauguração do Monumento do Leão de São Marcos, no Município de Santa Tereza. 

Durante a tarde foi realizada a Assembleia Extraordinária do COMVERS. Coordenada pelo presidente Ismael Rosset, a mesma foi realizada no Auditório da Prefeitura Municipal. 

No final da tarde, na Praça Central de Santa Tereza, com a ilustre presença do Governador do Vêneto - Itália, Luca Zaia, do Cônsul Geral da Itália em Porto Alegre, Nicola Occhipinti, que esteve em Nova Pádua quando celebrou os 130 Anos da Imigração Italiana no Município, do Consultor do Comvers, César Augusto Prezzi, além de autoridades políticas da região e do Estado. 

Pela primeira vez em 141 anos da imigração italiana, um governador do Vêneto visitou o Rio Grande do Sul. Na Praça Central, Zaia, participou da inauguração do quinto Leão do projeto “Leone nelle Piazze”.

O projeto iniciou em 2010 celebrando os 135 anos da imigração italiana, quando o presidente do COMVERS era Alvirio Tonet. Foram doados cinco Leões feitos pelo mesmo escultor, e que após a entrada no Brasil, descansaram por um tempo em Nova Pádua, onde ficaram até iniciar a distribuição aos nossos municípios de destino que tinham ‘gemellaggio’ com cidades do Vêneto - Itália. O primeiro deles foi colocado em Flores da Cunha. Os outros municípios que receberam a escultura foram Antônio Prado, Sobradinho e Ilópolis (todas em 2013). Três anos após, na cidade de Santa Tereza encerra-se o projeto Leone Nelle Piazze. 

Após os pronunciamentos, benção e inauguração do Leão de São Marcos, as entidades fizeram a entrega de mimos ao Governador Zaia. Representando a Banda Santa Cecília, Maicon Pan fez a entrega de folders institucionais da Banda, e entregues na Itália, quando a entidade participou do Projeto Cent’Anni di Música, em 2015. O Presidente da Associação Veneta de Nova Pádua, Alvírio Tonet fez a entrega da flâmula da Associação. 

O encerramento foi marcado por um jantar com as Delegações de outras cidades no Restaurante Mamma Gema, no Vale dos Vinhedos, com a participação das 44 associações que fazem parte do Comitato Veneto do RS (Comvers), do Consulado da Itália no Estado, além das mais diferentes entidades ligadas à cultura da imigração italiana. 

Texto: Maicon Pan 
Fotos: Divulgação

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Parabéns músicos da Banda Santa Cecília

Hoje, 22 de novembro, é dia de Santa Cecília, padroeira dos músicos. Por conta disso, hoje, também se comemora o dia do músico.

A todos que receberam este dom divino de cantar, compor ou tocar um instrumento, os sinceros parabéns e os votos de que a música contribua para a construção de um mundo cada vez melhor.

Sem música, provavelmente, a raça humana já teria sido extinta há muito tempo. A música traz amor, harmonia e alegria para o mundo. E você é parte essencial deste ciclo. 

Com talento, criatividade e sensibilidade, vocês, músicos da Banda Santa Cecília de Nova Pádua, criam trilhas sonoras para a vida. Além de todo o sucesso do mundo que vocês merecem, neste dia desejamos que o vosso talento seja cada vez mais reconhecido. 

Parabéns e Feliz Dia do Músico.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

HISTÓRIA DO TRAVESSÃO "S"ERRO LARGO

Continuando nossa pesquisa, agora passaremos a estudar o Travessão Serro Largo de Nova Pádua. Aqui a primeira questão a ser desvendada é o nome. Em nossas pesquisas encontramos diversas referências históricas de “Cerro” e outras de “Serro”, então, procurando-se no dicionário temos que seria o similar de cordilheira (s.m. Serra, cordilheira), sendo que com “C” também teria o mesmo significado Cerro é sinônimo de: colina, morro. Portanto a língua nos permite usar ambas as grafias, mas deve haver uma ao menos originária.

Em 1904, por meio do “acto nº 57 de 28 de Janeiro, assinado pelo então intendente municipal Alfredo Soares de Abreu, criando o 4º distrito de Caxias – Nova Pádua, esta fração do novo distrito foi chamada de “SERRO LARGO” pelo ato e, igualmente o “acto nº 6 de 16 de Junho de 1924”, assinado pelo então intendente provisório de Nova Trento, o Capitão Joaquin Mascarello, criando o 2º distrito de Nova Trento – que passou a ser Nova Pádua, novamente chamou esta fração do novo distrito de “SERRO LARGO”, sendo estes atos emanados do poder executivo competente em suas respectivas épocas, cabendo um estudo se posteriormente houve derrogação expressa destes nomes para justificar a legitimidade da mudança para “Cerro”, o mesmo ocorrendo com o travessão Serro Grande. Sendo assim, em nosso estudo, adotaremos o nome como foram criados originalmente, no caso, Serro Largo e Serro Grande e, em sendo conhecido ato posterior a justificar a mudança de grafia, faremos a retificação, se for o caso. 

Feita esta introdução, passemos a analisar os demais registros históricos. Inicialmente o Serro Largo, era composto de 27 lotes ou colônias, sendo que destas, houve a destinação originária de imigrantes para praticamente todos os lotes, sendo que, no entanto, os lotes 14, 18, 20 e 25, a princípio não teriam sido ocupados, como será demonstrado mais adiante. 

A CAPELA 
Segundo o Padre Antônio Galiotto, a primeira igreja de madeira, teria sido derrubada por um vendaval, pelo que então a Cúria de Porto Alegre autorizou a benzer uma nova igreja em 14.04.1918, o que nos sugere então, que a comunidade teria tido 3 igrejas contado com a atual. 

Quanto a atual igreja, segundo noticia no jornal Correio Rio-Grandense de 06 de fevereiro de 1952, pg. 3, foi em 20 de janeiro de 1952, em um domingo, que a capela em alvenaria do Travessão Serro Largo foi inaugurada. Relata o jornal que a capela foi construída pelas famílias de Afonso, Luis, Modesto e Pedro Smiderle; José Calgaro; Carmine Baggio, A. Bresolin e Honorino Marcante.

A Capela foi dedicada a Nossa Senhora das Graças (aqui pode ter havido erro do correspondente da época, pois atualmente é dedicada a Nossa Senhora Assunta ao Céu), São José e Santa Lúcia. A capela custou quase cem mil cruzeiros. Estavam presentes na inauguração o Bispo Dom Henrique Gelain, o Padre Antônio Alessi, o professor Júlio Alessi. Na ocasião foram festeiros os senhores Carlo Smiderle, Francisco Calgaro e Honorino Marcante. Foram padrinhos mediante doações: Olivo Smiderle, José Fante e A-“ilegível” Costamilan. A missa foi realizada às 10 horas e, após, houve lauto banquete, tudo isto ao som de nossa querida Banda Santa Cecília que, segundo Luiz Gelain, era a única sobrevivente em toda a zona limítrofe: 

A atual capela do Serro Largo conta então, com 64 anos completos e, no ano próximo em 20.01.2017 completará 65 anos. A igreja hoje é dedicada a Nossa Senhora Assunta ao Céu, São José e Santa Lúcia. A festa, “sagra”, realiza-se na primeira quinzena de novembro de cada ano.

Também, no dia 30 de dezembro de 1958, segundo registro no jornal Correio Rio-Grandense, foi realizada a primeira missa do Frei capuchino Horário Smiderle, filho de Modesto Smiderle e Rosa Barea na Igreja Matriz de Nova Pádua e no dia seguinte no travessão Serro Largo. 

A comunidade também conta com um cemitério católico local próprio, posicionado de frente para a igreja, no qual o registro mais antigo que consta no mesmo é do imigrante Smiderle Carló, ou Carlo Smiderle, falecido em 05.10.127. 

O SINO 
Segundo registro do Staffetta Riograndense de 1927, foi neste ano, em setembro, que a comunidade recebeu o seu sino, com a mesma origem do sino do Travessão Barra, como já relatado na história daquele travessão. Vejamos a notícia em forma de agradecimento da comunidade, afirmando que o sino é de ótima qualidade:
















Portanto, o sino da comunidade do Serro Largo fará 90 (noventa) anos em setembro próximo (ano de 2017). Uma bela idade, e parte da história daquela comunidade que vale a pena ser preservada. Hoje o sino está guardado no campanário de alvenaria construído anexo à igreja. 

A ESCOLA 
Por ora o primeiro registro encontrado acerca de escola na localidade, está no jornal “O Brasil” de 1917, que registra que no Serro Largo do quarto Distrito de Caxias que era Nova Pádua, a Sra. Magdalena Rigoni ministrava aulas, e era paga pelos cofres da intendência municipal, qual seja era a única escola municipal na época, enquanto que os professores Luiz Gelain – Trav. Mutzel / 16ª Légua, Theodora Spillari – Trav. Marcolino Moura, e Alcides Silveira – Matto Perso, todos professores atribuídos ao 4º Distrito de Caxias, eram pagos pelo Governo do Estado. Na época o intendente de Caxias era José Pena de Moraes. 

SALÃO COMUNITÁRIO 
Segundo relata o padre Antônio Galiotto, o primeiro salão teria sido um galpão onde se realizavam as festas religiosas, de manhã e ao meio dia. Mais tarde foi construído um salão com metade do tamanho do atual por volta do ano 1965/1966 que, em 1991 foi duplicado pela ação conjunta de todos os associados, que doaram 8 oito dias de trabalho cada família.

A capacidade do salão é para 500 a 600 pessoas, sendo que possui em seu interior “bodega”, palco para apresentações e uma cancha de bochas, além é claro da cozinha. 

LAZER E ECONOMIA 
Segundo o relato na obra de “Nova Pádua o pequeno Paraíso em Foco” de 2015, na parte histórica coordenada pela professora Ariela Boldrin Baggio da Escola Luiz Gelain, com a pesquisa dos alunos: Jéssica Boniatti, Bruna Paviani, Alin e Constantino Voiroda, Lauri Varlei Kanchun, Paloma Reginato Vrezinski, Lara Lucatelli Borella, Bruna Barcaro, Darlei Lusa, Jardel Dematos e Eliana Bremm Smiderle, o Serro Largo é a “capital do jogo de Bochas”, e está localizada distando 11 km da sede do município. A renda dos moradores provém principalmente do cultivo da uva, mas também produzem frutas e hortaliças, e a comunidade foi interligada a sede do município por asfalto em 2012.


AS COLÔNIAS - O TERRITÓRIO E SUA OCUPAÇÃO 
Em sua divisão política, o travessão Serro Largo é composto, segundo a obra: “Povoadores da colônia Caxias” de Mario Gardelin e Rovilio Costa, de 27 lotes ou colônias com as seguintes dimensões, sendo os seguintes os moradores originários: 

TRAVESSÃO SERRO LARGO - TERRITÓRIO 
Bordignon Marco Rocco, lote 1 de 302.500m², quitado em 1893, nasceu em 16.04.1848 em Cartigliano-VI, casado com Angela Andolfatto nascida em 22.09.1853 de Padova. Casaram em 18.11.1873 em Fontaniva PD, e vieram para o Brasil entre 1884 e 1887 (não poderiam ter chegado em 1877 como consta em Povoadores da colônia Caxias porque em 1883 tiveram um filho ainda na Itália). Nasceram na Itália em Tezze Sul Brenta - VI: Santa Anna nascida em 11.07.1875; Giusto Giovani, nascido em 08.06.1879; Giustina Anna nascida em 22/06/1881; Maria nascida em 05/08/1883; Justinella que nasceu em 1888 em Nova Pádua; Santo Natali nasceu em 24.12.1890 em Nova Pádua.

Cavasin Antonio, lote 2 de 302.500m², quitado em 1893, com 33 anos, viúvo, chegou ao Rio em 07/09/1886, com o Navio Vicenzo Florio, nº 23 a 25, a POA em 21/09/1886 pelo paquete Rio Jaguarão à Caxias no mesmo dia. Filhos Ginevra 9, Pasquale 25, Albina 6 meses (contudo Albina não consta na lista do navio Vicenzo Florio). 

Baggio Giovanni, lote 3 de 302.500m², quitado em 1894, Giovanni era casado com Luigia Simioni, e teve pelo menos um filho: Carmine Baggio que casou com Ana Genoveva Andrighetti em Antonio Prado em 19.05.1927, estabelecendo-se no travessão Serro Largo, onde tiveram muitos filhos, e ficaram até a morte. Contudo, por trinta e cinco anos, segundo consta no jornal Staffetta Riograndensse, Giovanni Baggio também foi o responsável pela reza do terço no travessão Serro Grande, o que se justifica pela fato de que originariamente a casa da família estava construída próximo ao rio do Serro Grande e, depois de vender parte da colônia construiu a casa mais próxima à hoje igreja do Serro Largo. Em outra edição do Jornal Staffetta Riograndense, em 1932 Giovanni estava procurando a filha Maria Baggio, casado com Arcanjelo Tonin, pois tinha perdido o contato com ela. 

Bernardi Valentino, lote 4 de 302.500m², quitado em 1894, nascido em Treviso em 03-05-1846 filho de Luigi e Pierina Frasson, casado com Santa Ferlin em 01-02-1869 na Itália, chegou em 25-12-1888 no Rio de Janeiro (imigrazione). Filhos: Angela, 27-01-1888, Arcangelo, 03-09-1874, Ferdinando, 02-01-1882, Francesco-1870, Luigi, 09-08-1871, Luigia, 11-08-1884, Perina, 13-04-1877, Pietro, 02-10-1879. 

Ferlin Antonio, lote 5 de 302.500m², quitado em 1894, quitado em 1894, casado com Antonia Bernardi, em 16.02.1886 sepultaram a filha Judith de 11 meses, em Nova Trento (fonte Povoadores fl. 410).

Bernardi Luigi, lote 6 de 302.500m², quitado em 1893. Há duas possibilidades: 1. Bernardi Luigi, 35 anos nº 49 a 51 no navio Cenisio em 01/1886, filhos Pietro 11 anos e Giovanna 7 anos, 2. Bernardi Luigi, nascido em Treviso em 09-08-1871, filho de di Valentino e Ferlin Santa, (moradores do lote 4), teria chegado em 25-12-1888 ao Rio de Janeiro (imigrazione) – não achamos Bernardi Irina.

Ferlin Valentino, lote 7 de 302.500m², quitado em 1893, embora alguns historiadores façam referência a Valentino Baggio, ao que parece os moradores do lote 4 – Santa Ferlin casada com Valentino Bernardi, Antonio Ferlin Lote 5, e Luigi Bernardi lote 6, possivelmente filho de Valentino Bernardi e Santa Ferlin, acreditamos que possa ser mesmo Ferlin, como relacionado pela obra “Povoadores da Colonia Caxias” por se tratar de parentes que se avizinharam propositadamente. 

Bizzoto Marco, lote 8 de 302.500m², quitado em 1894, possivelmente irmão de Matteo que se estabeleceu no Serro Grande. Matteo era casado com Elisa e nasceu em Vicenza em 1864, e vieram para Nova Pádua em 1887. (ver folha 566 Povoadores Colônia Caxias).

Squizzatto Giacintho, lote 9 de 302.500m², quitado em 1894, quitado em 1894, sem informações. Squizzatto Giuseppe, lote 10 de 302.500m², quitado em 1894, quitado em 1894, sem informações. 

De Grandi Francesco, lote 11 de 302.500m², quitado em 1893. De Grande Sunta 35 anos, casada, chegou ao Rio em 28/01/1887, a POA em 04/02 pelo paquete Rio Pardo, para Caxias a 05/02 com Teresa 4 anos e Maria 3 (Povoadores Colônia Caxias). 

Bernardi Antonio, lote 12 de 302.500m², quitado em 1893. Segundo a “Revista Insieme”nº 214 de novembro de 2016, que registrou o encontro da família Bernardi em Iraí - RS, os Bernardi de Nova Pádua descendem do casal Domenico e Anna Rosso, ele nascido em 1804 e ela, em 1825, moradores da cidade de Dorgnan, Cesiomaggiore, província de Belluno. A primeira parte da família teria chegado ao Brasil em março de 1886, com o navio Brosnero: Maria Teresa Bernardi e Francesco Bernardi, solteiros; Giovani Bernardi, casado com Maria Domenica Debon, com os filhos Giovanni Isidoro e Carolina; Maria Luigia Bernardi, casada com Pietro Marin, com o filho Filippo (ver também história do travessão Barra anteriormente relatada por nós, item Pietro Marin), Domenico Bernardi solteiro, e Anna Rosso Viúva com 63 anos de idade. Em dezembro de 1889 teria chegado a segunda turma com o vapor Giulio Mazzino: Giacomo Bernardi casado com Maria Antonia Arnoffi e o filho Virginio Angelo, e Giovanna Maria Bernardi. Todos se estabeleceram em Nova Pádua, de onde relata a revista, descendem todos os Bernardi.

No entanto, com relação ao nome Antonio, haveria no entanto outras possibilidades: como Bernardi Antonio, de Treviso, nasceu em 05-06-1823, filho de Angelo e casado (mas viúvo) de Elisabetta Vial, veio ao Rio Grande do Sul com os filhos: 1 - Antonia, Tv, 01-03-1857, casada com Bin Luigi em 21-12-1884; 2 - Lucia, Tv, 04-10-1863, 3 - Maria Teresa, Tv, 09-11-1848 casada com Feltracco Vincenzo em 16-01-1883, 4 - Teresa, Tv, 31-01-1853, e 5 - Giovanni, Tv, 07-09-1849 casado com Maria Luigia Dal Pai em 28-11-1874, veio ao Rio Grande do Sul com o filhos: 5.1 - Carolina, Tv, 14-01-1877, 5.2 - Clementina, Tv, 03-04-1880, 5.3 - Mansueto Alessandro, Tv, 20-03-1888, 5.4 - Massimo Arcangelo, Tv, 21-01-1883; 5.5 - Olinda, Tv, 30-09-1878 e 5.6 Virginia, Tv, 18-09-1875. Ou ainda Bernardi Antonio, Tv, 07-03-1860 di Giuseppe e Cavallin Antonia, filho de Giuseppe, do lote 16. Salientamos que apenas exploramos a possibilidade em virtude do nome e do destino do imigrante, cabendo uma pesquisa documental mais aprofundada para confirmar ou afastar a possibilidade. Franchetti 

Giuseppe, lote 13, sem informações. Lote 14 - ???? - sem informações. 

Raverena Giuseppe, lote 15 , ou Rovena ou Roveda ou Ravarena, sem informações. 

Bernardi Giuseppe, lote 16 de 302.500m², quitado em 1894. sem informações, no entanto explorando as possibilidade poderia ser Bernardi Giuseppe, Tv, 19-01-1832, filho de Luigi e Frasson Pierina casado com Cavallin Antonia, chegou 25-12-1888 Rio de Janeiro. Filhos: Angela, Tv, 02-05-1870, Angelo, Tv, 07-06-1873, Antonio, Tv, 07-03-1860, Bernardi Giovanni, Tv, 12-03-1866, e a filha Maria Luigia, 1862, casada com Marcon Giovanni em 07-03-1886, veio em 10-11-1891 para S.Paolo, contudo salientamos novamente que apenas exploramos a possibilidade em virtude do nome e do destino do imigrante, cabendo uma pesquisa documental mais aprofundada para confirmar ou afastar a possibilidade. 

Mire Ettore, lote 17 de 302.500m², quitado em ?. sem informações. Lote 18 - ???? - sem informações. 

Adelaide Fante, lote 19, sem informações.
Lote 20 - ???? sem informações. 

Smiderle Carló, lote 21: ½ de 151.250m², quitado em 1895, casado, com 15 filhos, morreu no travessão Serro Largo em 05.11.1927 - segundo noticia do Staffetta Riograndense de 23.11.1927, com 56 anos (nasceu em 22.06.1871), contudo em lápide consta o ano de outubro como sendo o do falecimento. Era casado com Caterina M. Smiderle nascida em 08.04.1870 e falecida em 21.07.1928.
 
Eberle Francesco, lote 21: ½ de 151.250m², quitado em 1895. Nascido em 24-08-1874, era filho de di Giovanni e de Scortegagna Angela, tendo emigrado para o Rio Grande do Sul. Casarotto Antonio, lote 22 de 302.500m², quitado em 1894, Casarotto Antonio nasceu em 25-05-1850, filho de Antonio e Tommasini Teresa, casou-se com Crocco Cristina em 03-06-1880, imigrando após para Rio Grande do Sul (imigrazione).

Berno Angelo, lote 23 de 302.500m², quitado em 1894, (imigrazione) - Berno Angelo nascido em 16-07-1851 filho de Prosdocimo e Sgarbossa Catterina, casado com Zaramella Carolina em 22-12-1877 na Itália, com o filho Berno Andrea nascido em 10-11-1887, Berno Filippo nascido em 03-08-1881, Berno Giuseppe nascido em 14-12-1878, e Berno Prosdocimo Andrea nascido em 07-11-1882, todos na Itália.

Casarotto Maria, lote 24 de 302.500m², quitado em 1899 sem informações.
Lote 25: ? quitado ? sem informações.

Marcante Bortolo, lote 26 de 302.500m², quitado em 1895 sem informações.

Casanova Vicenzo, lote 27 de .....? , quitado em ? - Casanova Vincenzo, nascido em 11-07-1855, filho de Luigi e Brancaleone Maria, casado com Casanova Angela em 25-03-1877, chegou em 01-01-1892 ao Rio de Janeiro (imigrazione). 

OBS: As informações acima a respeito das famílias devem ser conferidas documentalmente.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Banda participa da festa de Santa Lúcia e Nossa Senhora Assunta ao Céu

No domingo, 06 de novembro, a Banda Santa Cecília participou da festa da comunidade do Travessão Cerro Largo, em homenagem a Santa Lúcia e Nossa Senhora Assunta ao Céu. 

Durante a manhã, foi celebrada uma missa pelo Pe. Mário Pasqual. A Banda Santa Cecília animou o almoço festivo servido no salão da comunidade. O paduense Ulisses Dalla Valle, que hoje morra em Goiás, subiu ao palco e cantou junto com os integrantes da Banda para abrilhantar a festa. 

Santa Lucia 
Santa Luzia (ou Santa Lúcia), cujo nome deriva do latim, é muito amada e invocada como a protetora dos olhos, janela da alma, canal de luz. 

Nossa Senhora Assunta ao Céu 
Conforme os relatos dos antigos padres da Igreja, os Apóstolos foram milagrosamente levados para Jerusalém na noite que precedera o desenlace da Virgem Maria e que três dias depois chegou o Apóstolo S. Tomé, que pediu para ver o corpo de Nossa Senhora. Quando foi retirada a pedra do túmulo, o corpo já não se encontrava ali: tal como Jesus, Nossa Senhora ressuscitou ao terceiro dia: os anjos retiraram o Seu corpo Imaculado e o transportaram ao Céu. 

Por: Maicon Pan

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Banda participa do evento Paraiso dos Sabores

No último sábado, 05 de novembro, Nova Pádua sediou o 1º Parairo dos Sabores e claro, a Banda Santa Cecília abrilhantou mais este importante evento com suas canções. 

 O evento beneficente é uma iniciativa do Instituto Fuja do Estresse Corra Pra Saúde - IFECS. A atividade integra o programa de ações da entidade que buscam o desenvolvimento sócio econômico e cultural das comunidades, maior qualidade de vida para seus habitantes bem como seu bem-estar. 

O encontro enogastronômico, visa à captação de recursos para viabilizar ações sociais e culturais, em especial aquelas voltadas à formação de crianças e adolescentes, o planejamento e a criação de infraestrutura adequada para o futuro de Nova Pádua e Região. 

O evento possibilita que várias entidades recebam benefícios, possibilitando-lhes oferecer melhores condições, tanto no que se refere à assistência na educação, como em ações de melhorias de infraestrutura no município, e também para o resgate de patrimônios culturais, sua manutenção para a valorização cultural e viabilização de outros projetos de interesse comunitário. 

A primeira edição do Paraiso dos Sabores teve diferentes e inusitados cardápios, onde chefs voluntários mostrando suas habilidades em criar pratos especiais, dedicando seu tempo em favor de uma causa nobre. Os convidados, além de saborearem o cardápio do seu ingresso, também provaram das delícias de outras doze cozinhas. 

Ao término da janta, foram realizados os discursos das autoridades e a entrega de certificados. Em seguida, a Banda Santa Cecília subiu no palco do Salão Paroquial de Nova Pádua para animar o público presente com canções da cultura italiana. 

Texto: Maicon Pan 

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

“Nós sempre admiramos a Banda Santa Cecília”

No sábado, 22 de outubro, a Banda Santa Cecília de Nova Pádua participou de um momento muito especial na vida do casal Armindo Andreazza e Barbera Menegat Andreazza, que subiram ao altar para celebrar as Bodas de Ouro. 

Boda, é a festa que celebra o aniversário de casamento. No Brasil, as bodas de prata (25 anos de casamento) e de ouro (50 anos) são as mais conhecidas e comemoradas. 

Todas as datas e aniversários são importantes para os casais felizes, mas enquanto as comemorações dos primeiros aniversários de casamento passam-se na intimidade, as bodas maiores assumem um caráter eminentemente social. É quando a comemoração exige maior brilho e destaque. Em geral, não só a família, mas todos os amigos são convidados para participar da celebração. 

Poucas pessoas conhecem a origem etimológica da palavra boda. Ela provém da palavra latina votum, que significa promessa. Desta forma, quando se diz "minha boda" estamos dizendo "minha promessa" e por isso a “boda” é a renovação do compromisso do matrimônio. 

Como menciona o convite, Armindo e Barbera compartilharam alegrias e conquistas, superaram dificuldades e com amor construíram uma família. Os anos se passaram e o amor permaneceu. 

Barbera, natural de Nova Pádua, carrega com ela o carinho e a admiração pela Banda Santa Cecília. “Lembro com saudades do tempo de criança, das festas e dos desfiles de 7 de Setembro. Quando estudava no Colégio das Irmãs, tinha que marchar no ritmo da Banda, recorda ela. 

A intenção do casal era contar com a presença da Banda em seu casamento. “Sempre sonhei com isso e graças a Deus tive essa alegria na celebração das nossas Bodas de Ouro”, destacou Barbera. 

Em nome do Presidente da Banda Gilmar Marin, o Maestro Lino Pecatti e demais músicos, agradeço pelo carinho para com essa entidade e pela honra de participar deste momento único e que ficará marcado na lembrança de todos nós. Se tem alguém que precisa agradecer, certamente, é a Banda Santa Cecília de Nova Pádua. Obrigado Sr. Armindo e Sra. Barbera. 

Por: Maicon Pan

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Banda Santa Cecília participa das homenagens à Nossa Senhora Aparecida

No domingo, 16 de outubro, o Município de São Marcos celebrou a Festa de Nossa Senhora Aparecida e a festa dos caminhoneiros. A festa oficial da padroeira do Brasil contou com a presença da Banda Santa Cecília de Nova Pádua. 

A festa oficial da padroeira contou com uma alvorada festiva, com celebração da missa festiva e procissão com imagem pelas principais ruas da cidade e por fim a benção aos automóveis, caminhões e aos devotos. 

A Banda Santa Cecília partiu de Nova Pádua as 4:45 da manhã para se deslocar até São Marcos e abrilhantar a festa que teve uma programação toda especial. 

Para o Presidente da Banda, Gilmar Marin, é uma honra participar da festa de Nossa Senhora Aparecida e homenagear os caminhoneiros, esses profissionais que enfrentam as dificuldades da estrada, a insegurança e a saudade da família. 

Neste dia de celebrações, reflexões e muita oração em comunidade, queremos pedir a Maria que atenda as necessidades do povo e derrame graças e bênçãos sobre todos os músicos da Banda Santa Cecília. 

Por: Maicon Pan

terça-feira, 18 de outubro de 2016

HISTÓRIA DO TRAVESSÃO BARRA

Iniciaremos nosso registro histórico então, com o Travessão Barra, aproveitando a oportunidade em que a comunidade redescobre o seu sino centenário, sim, pois o sino do Travessão Barra está fazendo 100 (cem) anos. 

O sino centenário 
Segundo está registrado no próprio sino, o ano de fabricação do mesmo foi 1916. É um belo sino feito de bronze e ferro fundido, fabricado pela fundição de Giovanni Bellini, imigrante italiano nascido em 07/11/1863, e que viveu em Marostica, onde exerceu a profissão de ourives. Veio para o Brasil com o pai em 1877, e dedicou-se primeiramente ao negócio de joias relógios e bijuterias e, vendo a necessidade de fabricação de sinos para as novas igrejas das colônias, em 1885 montou uma fundição nos fundos de sua loja, na colônia Conde d’Eu, hoje município de Garibaldi. Em 1954, a fundição foi transferida para Canoas.

Com relação à chegada do sino, no entanto, não há maiores informações, então não é possível precisar o dia ou mês em que o mesmo chegou ao Travessão Barra. No entanto, sabe-se que a fundição Bellini fazia sinos principalmente por encomenda e, como se trata de um sino fabricado em 1916 como está incrustado no próprio sino, se foi encomendado para a igreja do Barra, este também deve ser o ano de sua chegada.

O campanário onde está localizado o sino, também de pedra, é mais recente. Foi construído após a construção da própria igreja, seguindo o mesmo estilo, harmonizando com a igreja. A sua construção foi idealizada e projetada e executada pelos moradores do travessão. A construção possui aproximadamente 10 (dez) anos, o que nos remete ao ano de 2006 como sendo o da construção.


O sino do Travessão Barra, é uma vigorosa peça que pesa, estima-se, aproximadamente 80 (oitenta) kilos, e tem aproximadamente sessenta centímetros de altura, por quarenta centímetros de diâmetro, e tem nele incrustadas a imagem de Santa Lúcia e, ao lado dela, uma folha de sálvia. Na antiguidade a folha de sálvia representava a saúde e longevidade, pois era usada para curar. No sino também há desenhos geométricos e assimétricos, e pequenos anjos. Pode-se dizer, que o significado da junção de todos os símbolos incrustados no sino, pelo que eles representam, que ele tocaria em honra a Santa Lúcia desejando saúde e longevidade a todos, mas é claro, admitimos, esta é uma interpretação poética do significado. 

A capela 
Segundo registro no Stafetta Riograndense de 1935, foi no dia 20 de outubro de 1935 que foi inaugurada a atual e belíssima capela totalmente de pedra, dedicada a Santa Giuliana (Santa Juliana) e Santa Libera. A missa iniciou às 10 horas e foi celebrada pelo Padre Evaristo Capuccino. Após houve uma grande festa com morteiros, foguetes, jogos, comida, bebida, doces, e com a presença da Banda. Na ocasião eram fabriqueiros: Pietro Battistella, Felice Gelain e Pietro Marin, bem como o octogenário Giovanni Bernardi, fundador da capela, que já há 45 anos (o que nos remete a data de 1890), ensinava o catecismo, e que, com suas próprias forças, ainda em 1890 edificou uma capelinha em honra a Santa Libera e Santa Giuliana no lote 36 do então Travessão Mutzel, segundo relatos dos moradores, onde atualmente estão as terras do Sr. Eloi Marin. No local ainda há vestígios da capela. 

Segundo o Padre Antonio Galiotto, João ou Giovanni Bernardi era um “homem baixinho, mas que todos os anos organizava a festa de “Sta. Giuliana del vin bianc”, quando eram provados os primeiros vinhos brancos do ano mas. Portanto, a devoção do travessão Barra a Santa Giuliana e a Santa Libera, remonta a mais de 126 anos. 

O mestre construtor da atual capela foi Cristiano Grandi, segundo notícia do Staffeta Riograndende de 1935. As pedras de sua construção vieram da pedreira de Osvaldo Marin. A porta da igreja foi doada por Antonio Morandi. As pias de água benta da entrada foram doações da família Zanatta (sem registro de data) e de Bortolo Marin (em 1942). Abaixo altar da igreja com as Imagens de Santa Libera (protetora das mulheres na hora do parto) e Santa Juliana.

A capela é dedicada originalmente a Santa Líbera e a Santa Juliana, devoção que a comunidade mantém até hoje, realizando festas – “sagras”, todos os anos, na primeira quinzena de abril. A capela também é dedicada a Nossa Senhora dos Navegantes, devoção esta que veio mais tarde, e a festa em sua honra realiza-se sempre em outubro de cada ano.

Neste ano de 2016, a missa em honra a Nossa Senhora dos Navegantes foi realizada ao ar livre sob a frondosa sombra de uma cipreste localizada ao lado da igreja, e ao belíssimo som do sino centenário, finalizando a “sagra” com um boníssimo “pranzo”, com sopa de agnholini, lesso, “pien”, churrasco, galeto, tudo regado a um “bon vin di tavola”, da região.

Missa em honra a Nossa Senhora A parecida, no dia 09 de outubro
A escola 
No dia 09 de novembro também de 1935, segundo registro no Stafetta Riograndense de 1935, com o mesmo entusiasmo os cidadãos do Travessão Barra inauguraram a escola que contava com aproximadamente quarenta alunos ensinados pelo jovem professor Arcangelo Vasata. Estavam presentes na ocasião, o Sr. Ettore Curra Prefeito municipal, Apparicio Borguetti (sotto prefetto - vice-prefeito), Vittorio Ranzolin – secretário municipal, Rev. Don Enrico Gelain, que abençoou a escola e um belo quadro de Santa Terezinha, patrona da escola. Após comemoraram com um belo churrasco, ao som das poesias e músicas recitadas e cantadas pelos alunos.

Seria uma escola de madeira coberta de scandole de 10mx8m, e que por um tempo teria sido usada como salão nas festas. Esta escola estaria nas terras da família Battistella do outro lado da estrada em relação à igreja. Segundo Gema Tonet e o Padre Antonio Galiotto, o primeiro professor, por volta de 1930, teria sido Pedro Bernardi. Arcangelo Vasata teria lecionado no Mutzel e a tarde no Barra, o que nos leva a crer então, que poderia ter havido uma escola antes daquela inaugurada em 1935 ou então, que Pedro Bernardi e Arcangelo Vasata lecionaram juntos nesta escola. O nome desta escola era Coelho Neto. 

Contudo, segundo registro no Stafetta Riograndense de abril de 1935 anunciando a ultimação das obras da igreja e da nova escola, efetivamente há também o registro que já havia anteriormente a esta nova escola, outra escola que funcionava na casa do Sr. Giacinto Volpato, que cedeu o espaço para que Arcangelo Vasata lecionasse.

Mais tarde, segundo Gema Tonet, após o ano de 1963 (estima-se que por volta dos anos 1970/1971 - segundo informação dos moradores locais), foi construída a segunda escola em alvenaria, nas terras de Laurindo Pilati, que passou a chamar-se Escola Rural Isolada do Travessão Barra. Com a emancipação do município em 1993 a atual escola que ainda permanece próximo à igreja, foi desativada. 

O salão comunitário 
O primeiro salão que se tem registro seria a própria escola inaugurada em 1935 e que nas festas servia de salão para a comunidade, segundo relato de Gema Tonet. O atual salão, contudo, feito em alvenaria, foi construído por volta do ano de 1991, medindo 40m por 15m, num total de 600m² e tem capacidade para receber 550 pessoas, possuindo, “bodega”, cancha de bochas, cozinha e churrascaria e campo de futebol.

Segundo o Padre Antonio Galiotto, no passado o Sr. Antonio Zanatta possuiu uma serraria e mais tarde uma fábrica de vassouras, mas a aptidão dos moradores do travessão sempre foi agrícola, com o cultivo de parreirais, pêssegos, ameixas, cebola, alho, chuchu entre outras culturas atuais. 

As colônias - o território e sua ocupação 
Em sua divisão política, ao que tudo indica, quando houve a distribuição das colônias era diversa da atual divisão que se estabeleceu espontaneamente pela frequência e participação das famílias no núcleo comunitário. O atual travessão Barra é composto de uma fração que originalmente, segundo a obra: “Povoadores da colônia Caxias” de Mario Gardelin e Rovilio Costa, pertenceria ao travessão Mutzel, e era chamada de “território novo da colônia Caxias” e o travessão Barra era o fim destas terras novas, sendo o seguinte: 

Travessão Barra – divisão originária 
Cipriani Francesco, lote 1 de 302.500m², quitado em 1894. Também nesta data Francesco teria quitado o lote 13 de 244.715m² de Albino Negrini do Travessão Esmeralda de Flores da Cunha. 

Caon Giseppe, lote 2 de 302.500m², quitado em 1893, 

Cipriani Giuseppe, lote 3 de 302.500m², quitado em 1894, 

Gondolo Bartolomeo, lote 4 de 302.500m², quitado em 1894, com 30 anos, esposa Lucia 27, e filha Lucia 1 anos, vieram com o navio San Marco que chegou ao Rio de Janeiro em 19.02.1887, era camponês de profissão. 

Caon Antonio, lote 5 de 302.500m², quitado em 1895 (registro no navio “Città di Roma” de 18.03.1890, vindo de Gênova, passageiro nº 74).

Pezzetti Francesco (o Pazzetti), lote 6 de 302.500m², quitado em 1894, lote 7 de 234.000m² - sobre este lote só temos a informação de sua dimensão, assim como com referência ao lote 8 de 228.500m². Já com relação aos lotes 9 a 11 não temos nenhuma informação. 

Cecchin Giuseppe, lote 12 de 302.500m², quitado em 1893, nasceu em 13.05.1867 em Cesiomaggiore-BL, casou em 8-8-1894 em Caxias com Catterina Candiago, nascida em 24.06.1877 em S.Giacomo di Veglia-TV. Era filho de Giuseppe e Angela Amandio. Contudo, como já dito, estima-se que da parte atribuída ao Travessão Mutzel, organizou se forma espontânea como Travessão Barra, mas que estão listados originalmente como Mutzel: 

Pia d' água benta oferecida pela família de Bortolo Marin
Bernardi Giovanni II, lote 29 de 341.040m², quitado em 1894, com 30 anos, esposa Maria Rossi (ou Boni) 25 anos, filhos Giovanni 2 e Carolina 7 meses, chegou em 11.04.1886 com navio Brosnero (números 18 a 21 no navio), junto ao possível irmão Francesco, partiu para POA em 23/4 pelo paquete Rio Pardo, para Caxias a 24-4. Também veio junto Anna Rosa de 62 anos viúva.

Bernardi Francesco, lote 30 de 305.760m², quitado em 1893, chegou em 11.04.1886 com navio Brosnero (números 17 no navio). Após seguiu para POA em 23-4 pelo paquete Rio Pardo, para Caxias a 24-4, agora nesta segunda parte da viagem acompanhado de Domenica 19 e Teresa 26 (em Povoadores da Colônia Caxias).

Battistela Silvestro, lote 31 de 341.040m², quitado em 1893, chegou ao Rio em 22-1-1887 com o Piroscafo Righi (números 38 a 43 no navio), tinha 58 anos, com a esposa Elena 57 anos, e os filhos Francesco 20, Antonio 16 c.c. Maria 29; Tommasina 22, em POA a 4-2 pelo paquete Rio Pardo a Caxias.

Marin Pietro, lote 32 de 305.760m², quitado em 1893, com 41 anos chegou em 11.04.1886 com navio Brosnero, com a esposa Luigia Bernardi de 31 anos, e o filho Filippo 2 anos. Seguiram para POA em 13-4 pelo paquete Rio Pardo e para Caxias em 14-4. Segundo Registro no Stafetta Riograndense de 1933, em 05.02.1933, faleceu Genoina Marin, filha de Pietro Marin e Genoveva Vazatta (Genoveva era filha de Vicenzo Vazata de Cesiomagiore-BL que se estabeleceu no lote 8 do Travessão Oeste Leonel, e casou aqui no Brasil com Maria Rigo de Cismon del Grappa-VI). Ela, Genoina era bisneta de Pietro Marin e Luigia Bernardi. A pequena morreu de meningite e, no mesmo dia, 9 horas depois faleceu também a sua bisnonna Luigia Bernardi que já estava acamada há longos seis anos. Luigia estava com 78 anos e foram enterradas na mesma cerimônia. Filippo teve um filho que morreu em 03.02.1933 com 26 anos de idade e que há 10 anos estava com os padres.

Battistela Francesco, lote 33 de 341.040m², quitado em 1893, 

Cello(a) Pietro, lote 34 de 305.760m², quitado em 1895, 28 anos – chegou em 11.04.1886 com navio Brosnero números 83 a 86, mulher Rosa Della Rosa 32 anos, filhos Maria Domenica 3 e Giovanni Domenico 10 meses, seguiu para POA em 23 pelo paquete Rio Pardo.

D’Agostino Lorenzo, lote 35 de 341.040m², quitado em 1895, 

Pia d' água benta oferecida pela família de Bortolo Marin
Bernardi Giovanni, lote 36 de 305.760m², quitado em 1895, a princípio não haveria como saber se este Giovanni seria o do lote 29, contudo, como vieram em dois irmãos parece razoável que tivessem se instalado um ao lado do outro, pelo que se presume que este possa ser outro Giovanni. Segundo Stafetta de 24.05.1944, Giovanni Bernardi nasceu em 1856 em Belluno na Itália e era casado com Dominga Deboni, veio ao Brasil com 30 anos em 1886 e ficou viúvo aos 44 anos. Tinha 10 filhos, um deles se chamava Alberto. Logo que chegou ao Brasil construiu um oratório em suas terras e rezava o rosário e ensinava o catecismo no Travessão Barra. Morreu em 14.04.1944 com 88 anos. 

Também em notícias do jornal Sttaffeta Riograndense de 1939, está registrado que Angelo Caon, casado com Veronica Vazata também eram moradores do travessão Barra em 1939, ano em que perderam uma filha de 13 meses num incêndio, bem como a casa e todos os bens, e ficaram somente com as roupas do corpo. 

Nossa pesquisa nos permitiu colher estas informações. Como já dissemos antes, estamos abertos a receber novas e quaisquer informações, para complementar a pesquisa, pelo que contamos com o auxilio de todos.

Por ora, nos cumpre apresentar nossos parabéns ao virtuoso povo do travessão Barra que com vista a preservar seu patrimônio religioso e cultural, recentemente trocou todo o telhado da igreja e festejou o seu sino centenário. 

Um agradecimento especial pela ajuda e empenho pessoal do Sr. Gilmar Marin que auxiliou na coleta de informações e imagens, tornando gratificante, e facilitando nosso trabalho de coleta. Obrigada Gilmar. 

Fontes: Documentos históricos; Jornais e documentos do Arquivo Histórico de Caxias do Sul João Spadari Adami; Obra: Povoadores da Colônia Caxias por Mário Gardelin e Rovilio Costa, Segunda Edição 2002, Ed. Est. Edições; Informações colhidas junto aos moradores locais, a Obra Nova Pádua e a sua história, do Pe. Antônio Galiotto e a obra Nova Pádua – Histórias das Escolas: Viagem no Tempo, da professora aposentada Gema Menegat Tonet.