quarta-feira, 16 de novembro de 2016

HISTÓRIA DO TRAVESSÃO "S"ERRO LARGO

Continuando nossa pesquisa, agora passaremos a estudar o Travessão Serro Largo de Nova Pádua. Aqui a primeira questão a ser desvendada é o nome. Em nossas pesquisas encontramos diversas referências históricas de “Cerro” e outras de “Serro”, então, procurando-se no dicionário temos que seria o similar de cordilheira (s.m. Serra, cordilheira), sendo que com “C” também teria o mesmo significado Cerro é sinônimo de: colina, morro. Portanto a língua nos permite usar ambas as grafias, mas deve haver uma ao menos originária.

Em 1904, por meio do “acto nº 57 de 28 de Janeiro, assinado pelo então intendente municipal Alfredo Soares de Abreu, criando o 4º distrito de Caxias – Nova Pádua, esta fração do novo distrito foi chamada de “SERRO LARGO” pelo ato e, igualmente o “acto nº 6 de 16 de Junho de 1924”, assinado pelo então intendente provisório de Nova Trento, o Capitão Joaquin Mascarello, criando o 2º distrito de Nova Trento – que passou a ser Nova Pádua, novamente chamou esta fração do novo distrito de “SERRO LARGO”, sendo estes atos emanados do poder executivo competente em suas respectivas épocas, cabendo um estudo se posteriormente houve derrogação expressa destes nomes para justificar a legitimidade da mudança para “Cerro”, o mesmo ocorrendo com o travessão Serro Grande. Sendo assim, em nosso estudo, adotaremos o nome como foram criados originalmente, no caso, Serro Largo e Serro Grande e, em sendo conhecido ato posterior a justificar a mudança de grafia, faremos a retificação, se for o caso. 

Feita esta introdução, passemos a analisar os demais registros históricos. Inicialmente o Serro Largo, era composto de 27 lotes ou colônias, sendo que destas, houve a destinação originária de imigrantes para praticamente todos os lotes, sendo que, no entanto, os lotes 14, 18, 20 e 25, a princípio não teriam sido ocupados, como será demonstrado mais adiante. 

A CAPELA 
Segundo o Padre Antônio Galiotto, a primeira igreja de madeira, teria sido derrubada por um vendaval, pelo que então a Cúria de Porto Alegre autorizou a benzer uma nova igreja em 14.04.1918, o que nos sugere então, que a comunidade teria tido 3 igrejas contado com a atual. 

Quanto a atual igreja, segundo noticia no jornal Correio Rio-Grandense de 06 de fevereiro de 1952, pg. 3, foi em 20 de janeiro de 1952, em um domingo, que a capela em alvenaria do Travessão Serro Largo foi inaugurada. Relata o jornal que a capela foi construída pelas famílias de Afonso, Luis, Modesto e Pedro Smiderle; José Calgaro; Carmine Baggio, A. Bresolin e Honorino Marcante.

A Capela foi dedicada a Nossa Senhora das Graças (aqui pode ter havido erro do correspondente da época, pois atualmente é dedicada a Nossa Senhora Assunta ao Céu), São José e Santa Lúcia. A capela custou quase cem mil cruzeiros. Estavam presentes na inauguração o Bispo Dom Henrique Gelain, o Padre Antônio Alessi, o professor Júlio Alessi. Na ocasião foram festeiros os senhores Carlo Smiderle, Francisco Calgaro e Honorino Marcante. Foram padrinhos mediante doações: Olivo Smiderle, José Fante e A-“ilegível” Costamilan. A missa foi realizada às 10 horas e, após, houve lauto banquete, tudo isto ao som de nossa querida Banda Santa Cecília que, segundo Luiz Gelain, era a única sobrevivente em toda a zona limítrofe: 

A atual capela do Serro Largo conta então, com 64 anos completos e, no ano próximo em 20.01.2017 completará 65 anos. A igreja hoje é dedicada a Nossa Senhora Assunta ao Céu, São José e Santa Lúcia. A festa, “sagra”, realiza-se na primeira quinzena de novembro de cada ano.

Também, no dia 30 de dezembro de 1958, segundo registro no jornal Correio Rio-Grandense, foi realizada a primeira missa do Frei capuchino Horário Smiderle, filho de Modesto Smiderle e Rosa Barea na Igreja Matriz de Nova Pádua e no dia seguinte no travessão Serro Largo. 

A comunidade também conta com um cemitério católico local próprio, posicionado de frente para a igreja, no qual o registro mais antigo que consta no mesmo é do imigrante Smiderle Carló, ou Carlo Smiderle, falecido em 05.10.127. 

O SINO 
Segundo registro do Staffetta Riograndense de 1927, foi neste ano, em setembro, que a comunidade recebeu o seu sino, com a mesma origem do sino do Travessão Barra, como já relatado na história daquele travessão. Vejamos a notícia em forma de agradecimento da comunidade, afirmando que o sino é de ótima qualidade:
















Portanto, o sino da comunidade do Serro Largo fará 90 (noventa) anos em setembro próximo (ano de 2017). Uma bela idade, e parte da história daquela comunidade que vale a pena ser preservada. Hoje o sino está guardado no campanário de alvenaria construído anexo à igreja. 

A ESCOLA 
Por ora o primeiro registro encontrado acerca de escola na localidade, está no jornal “O Brasil” de 1917, que registra que no Serro Largo do quarto Distrito de Caxias que era Nova Pádua, a Sra. Magdalena Rigoni ministrava aulas, e era paga pelos cofres da intendência municipal, qual seja era a única escola municipal na época, enquanto que os professores Luiz Gelain – Trav. Mutzel / 16ª Légua, Theodora Spillari – Trav. Marcolino Moura, e Alcides Silveira – Matto Perso, todos professores atribuídos ao 4º Distrito de Caxias, eram pagos pelo Governo do Estado. Na época o intendente de Caxias era José Pena de Moraes. 

SALÃO COMUNITÁRIO 
Segundo relata o padre Antônio Galiotto, o primeiro salão teria sido um galpão onde se realizavam as festas religiosas, de manhã e ao meio dia. Mais tarde foi construído um salão com metade do tamanho do atual por volta do ano 1965/1966 que, em 1991 foi duplicado pela ação conjunta de todos os associados, que doaram 8 oito dias de trabalho cada família.

A capacidade do salão é para 500 a 600 pessoas, sendo que possui em seu interior “bodega”, palco para apresentações e uma cancha de bochas, além é claro da cozinha. 

LAZER E ECONOMIA 
Segundo o relato na obra de “Nova Pádua o pequeno Paraíso em Foco” de 2015, na parte histórica coordenada pela professora Ariela Boldrin Baggio da Escola Luiz Gelain, com a pesquisa dos alunos: Jéssica Boniatti, Bruna Paviani, Alin e Constantino Voiroda, Lauri Varlei Kanchun, Paloma Reginato Vrezinski, Lara Lucatelli Borella, Bruna Barcaro, Darlei Lusa, Jardel Dematos e Eliana Bremm Smiderle, o Serro Largo é a “capital do jogo de Bochas”, e está localizada distando 11 km da sede do município. A renda dos moradores provém principalmente do cultivo da uva, mas também produzem frutas e hortaliças, e a comunidade foi interligada a sede do município por asfalto em 2012.


AS COLÔNIAS - O TERRITÓRIO E SUA OCUPAÇÃO 
Em sua divisão política, o travessão Serro Largo é composto, segundo a obra: “Povoadores da colônia Caxias” de Mario Gardelin e Rovilio Costa, de 27 lotes ou colônias com as seguintes dimensões, sendo os seguintes os moradores originários: 

TRAVESSÃO SERRO LARGO - TERRITÓRIO 
Bordignon Marco Rocco, lote 1 de 302.500m², quitado em 1893, nasceu em 16.04.1848 em Cartigliano-VI, casado com Angela Andolfatto nascida em 22.09.1853 de Padova. Casaram em 18.11.1873 em Fontaniva PD, e vieram para o Brasil entre 1884 e 1887 (não poderiam ter chegado em 1877 como consta em Povoadores da colônia Caxias porque em 1883 tiveram um filho ainda na Itália). Nasceram na Itália em Tezze Sul Brenta - VI: Santa Anna nascida em 11.07.1875; Giusto Giovani, nascido em 08.06.1879; Giustina Anna nascida em 22/06/1881; Maria nascida em 05/08/1883; Justinella que nasceu em 1888 em Nova Pádua; Santo Natali nasceu em 24.12.1890 em Nova Pádua.

Cavasin Antonio, lote 2 de 302.500m², quitado em 1893, com 33 anos, viúvo, chegou ao Rio em 07/09/1886, com o Navio Vicenzo Florio, nº 23 a 25, a POA em 21/09/1886 pelo paquete Rio Jaguarão à Caxias no mesmo dia. Filhos Ginevra 9, Pasquale 25, Albina 6 meses (contudo Albina não consta na lista do navio Vicenzo Florio). 

Baggio Giovanni, lote 3 de 302.500m², quitado em 1894, Giovanni era casado com Luigia Simioni, e teve pelo menos um filho: Carmine Baggio que casou com Ana Genoveva Andrighetti em Antonio Prado em 19.05.1927, estabelecendo-se no travessão Serro Largo, onde tiveram muitos filhos, e ficaram até a morte. Contudo, por trinta e cinco anos, segundo consta no jornal Staffetta Riograndensse, Giovanni Baggio também foi o responsável pela reza do terço no travessão Serro Grande, o que se justifica pela fato de que originariamente a casa da família estava construída próximo ao rio do Serro Grande e, depois de vender parte da colônia construiu a casa mais próxima à hoje igreja do Serro Largo. Em outra edição do Jornal Staffetta Riograndense, em 1932 Giovanni estava procurando a filha Maria Baggio, casado com Arcanjelo Tonin, pois tinha perdido o contato com ela. 

Bernardi Valentino, lote 4 de 302.500m², quitado em 1894, nascido em Treviso em 03-05-1846 filho de Luigi e Pierina Frasson, casado com Santa Ferlin em 01-02-1869 na Itália, chegou em 25-12-1888 no Rio de Janeiro (imigrazione). Filhos: Angela, 27-01-1888, Arcangelo, 03-09-1874, Ferdinando, 02-01-1882, Francesco-1870, Luigi, 09-08-1871, Luigia, 11-08-1884, Perina, 13-04-1877, Pietro, 02-10-1879. 

Ferlin Antonio, lote 5 de 302.500m², quitado em 1894, quitado em 1894, casado com Antonia Bernardi, em 16.02.1886 sepultaram a filha Judith de 11 meses, em Nova Trento (fonte Povoadores fl. 410).

Bernardi Luigi, lote 6 de 302.500m², quitado em 1893. Há duas possibilidades: 1. Bernardi Luigi, 35 anos nº 49 a 51 no navio Cenisio em 01/1886, filhos Pietro 11 anos e Giovanna 7 anos, 2. Bernardi Luigi, nascido em Treviso em 09-08-1871, filho de di Valentino e Ferlin Santa, (moradores do lote 4), teria chegado em 25-12-1888 ao Rio de Janeiro (imigrazione) – não achamos Bernardi Irina.

Ferlin Valentino, lote 7 de 302.500m², quitado em 1893, embora alguns historiadores façam referência a Valentino Baggio, ao que parece os moradores do lote 4 – Santa Ferlin casada com Valentino Bernardi, Antonio Ferlin Lote 5, e Luigi Bernardi lote 6, possivelmente filho de Valentino Bernardi e Santa Ferlin, acreditamos que possa ser mesmo Ferlin, como relacionado pela obra “Povoadores da Colonia Caxias” por se tratar de parentes que se avizinharam propositadamente. 

Bizzoto Marco, lote 8 de 302.500m², quitado em 1894, possivelmente irmão de Matteo que se estabeleceu no Serro Grande. Matteo era casado com Elisa e nasceu em Vicenza em 1864, e vieram para Nova Pádua em 1887. (ver folha 566 Povoadores Colônia Caxias).

Squizzatto Giacintho, lote 9 de 302.500m², quitado em 1894, quitado em 1894, sem informações. Squizzatto Giuseppe, lote 10 de 302.500m², quitado em 1894, quitado em 1894, sem informações. 

De Grandi Francesco, lote 11 de 302.500m², quitado em 1893. De Grande Sunta 35 anos, casada, chegou ao Rio em 28/01/1887, a POA em 04/02 pelo paquete Rio Pardo, para Caxias a 05/02 com Teresa 4 anos e Maria 3 (Povoadores Colônia Caxias). 

Bernardi Antonio, lote 12 de 302.500m², quitado em 1893. Segundo a “Revista Insieme”nº 214 de novembro de 2016, que registrou o encontro da família Bernardi em Iraí - RS, os Bernardi de Nova Pádua descendem do casal Domenico e Anna Rosso, ele nascido em 1804 e ela, em 1825, moradores da cidade de Dorgnan, Cesiomaggiore, província de Belluno. A primeira parte da família teria chegado ao Brasil em março de 1886, com o navio Brosnero: Maria Teresa Bernardi e Francesco Bernardi, solteiros; Giovani Bernardi, casado com Maria Domenica Debon, com os filhos Giovanni Isidoro e Carolina; Maria Luigia Bernardi, casada com Pietro Marin, com o filho Filippo (ver também história do travessão Barra anteriormente relatada por nós, item Pietro Marin), Domenico Bernardi solteiro, e Anna Rosso Viúva com 63 anos de idade. Em dezembro de 1889 teria chegado a segunda turma com o vapor Giulio Mazzino: Giacomo Bernardi casado com Maria Antonia Arnoffi e o filho Virginio Angelo, e Giovanna Maria Bernardi. Todos se estabeleceram em Nova Pádua, de onde relata a revista, descendem todos os Bernardi.

No entanto, com relação ao nome Antonio, haveria no entanto outras possibilidades: como Bernardi Antonio, de Treviso, nasceu em 05-06-1823, filho de Angelo e casado (mas viúvo) de Elisabetta Vial, veio ao Rio Grande do Sul com os filhos: 1 - Antonia, Tv, 01-03-1857, casada com Bin Luigi em 21-12-1884; 2 - Lucia, Tv, 04-10-1863, 3 - Maria Teresa, Tv, 09-11-1848 casada com Feltracco Vincenzo em 16-01-1883, 4 - Teresa, Tv, 31-01-1853, e 5 - Giovanni, Tv, 07-09-1849 casado com Maria Luigia Dal Pai em 28-11-1874, veio ao Rio Grande do Sul com o filhos: 5.1 - Carolina, Tv, 14-01-1877, 5.2 - Clementina, Tv, 03-04-1880, 5.3 - Mansueto Alessandro, Tv, 20-03-1888, 5.4 - Massimo Arcangelo, Tv, 21-01-1883; 5.5 - Olinda, Tv, 30-09-1878 e 5.6 Virginia, Tv, 18-09-1875. Ou ainda Bernardi Antonio, Tv, 07-03-1860 di Giuseppe e Cavallin Antonia, filho de Giuseppe, do lote 16. Salientamos que apenas exploramos a possibilidade em virtude do nome e do destino do imigrante, cabendo uma pesquisa documental mais aprofundada para confirmar ou afastar a possibilidade. Franchetti 

Giuseppe, lote 13, sem informações. Lote 14 - ???? - sem informações. 

Raverena Giuseppe, lote 15 , ou Rovena ou Roveda ou Ravarena, sem informações. 

Bernardi Giuseppe, lote 16 de 302.500m², quitado em 1894. sem informações, no entanto explorando as possibilidade poderia ser Bernardi Giuseppe, Tv, 19-01-1832, filho de Luigi e Frasson Pierina casado com Cavallin Antonia, chegou 25-12-1888 Rio de Janeiro. Filhos: Angela, Tv, 02-05-1870, Angelo, Tv, 07-06-1873, Antonio, Tv, 07-03-1860, Bernardi Giovanni, Tv, 12-03-1866, e a filha Maria Luigia, 1862, casada com Marcon Giovanni em 07-03-1886, veio em 10-11-1891 para S.Paolo, contudo salientamos novamente que apenas exploramos a possibilidade em virtude do nome e do destino do imigrante, cabendo uma pesquisa documental mais aprofundada para confirmar ou afastar a possibilidade. 

Mire Ettore, lote 17 de 302.500m², quitado em ?. sem informações. Lote 18 - ???? - sem informações. 

Adelaide Fante, lote 19, sem informações.
Lote 20 - ???? sem informações. 

Smiderle Carló, lote 21: ½ de 151.250m², quitado em 1895, casado, com 15 filhos, morreu no travessão Serro Largo em 05.11.1927 - segundo noticia do Staffetta Riograndense de 23.11.1927, com 56 anos (nasceu em 22.06.1871), contudo em lápide consta o ano de outubro como sendo o do falecimento. Era casado com Caterina M. Smiderle nascida em 08.04.1870 e falecida em 21.07.1928.
 
Eberle Francesco, lote 21: ½ de 151.250m², quitado em 1895. Nascido em 24-08-1874, era filho de di Giovanni e de Scortegagna Angela, tendo emigrado para o Rio Grande do Sul. Casarotto Antonio, lote 22 de 302.500m², quitado em 1894, Casarotto Antonio nasceu em 25-05-1850, filho de Antonio e Tommasini Teresa, casou-se com Crocco Cristina em 03-06-1880, imigrando após para Rio Grande do Sul (imigrazione).

Berno Angelo, lote 23 de 302.500m², quitado em 1894, (imigrazione) - Berno Angelo nascido em 16-07-1851 filho de Prosdocimo e Sgarbossa Catterina, casado com Zaramella Carolina em 22-12-1877 na Itália, com o filho Berno Andrea nascido em 10-11-1887, Berno Filippo nascido em 03-08-1881, Berno Giuseppe nascido em 14-12-1878, e Berno Prosdocimo Andrea nascido em 07-11-1882, todos na Itália.

Casarotto Maria, lote 24 de 302.500m², quitado em 1899 sem informações.
Lote 25: ? quitado ? sem informações.

Marcante Bortolo, lote 26 de 302.500m², quitado em 1895 sem informações.

Casanova Vicenzo, lote 27 de .....? , quitado em ? - Casanova Vincenzo, nascido em 11-07-1855, filho de Luigi e Brancaleone Maria, casado com Casanova Angela em 25-03-1877, chegou em 01-01-1892 ao Rio de Janeiro (imigrazione). 

OBS: As informações acima a respeito das famílias devem ser conferidas documentalmente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário