quarta-feira, 22 de junho de 2016

Resgatando a história de Nova Pádua: Sinos da Igreja Matriz completam 103 anos

No mês de maio, Nova Pádua comemorou 103 anos da chegada dos sinos do Campanário da Igreja Matriz. Nossos imigrantes sempre gostaram de sinos, principalmente os vindos do norte da Itália, onde as igrejas possuem um “Campanille” com melodiosos conjuntos de sinos. 

Este apego aos sinos continuou entre os seus descendentes que aqui chegando, movidos pela fé, construíram os capitéis, depois as igrejas e as torres com os sinos, os “campanários”.

O registro feito pelo correspondente Benedetto Bigarella ao Jornal Città di Caxias, no mês de maio de 1913, conta que depois de muitos sacrifícios feitos pelo povo, juntamente aos do Pároco Dom Júlio Sacardovelli, chegava à Nova Pádua, da Casa Paocaed, de Savoia – França, um belíssimo concerto de cinco grandes sinos, sendo naquela época, uma grande honra e um verdadeiro tesouro para a paróquia. 

Ainda segundo relatos de Bigarella, os visitantes quando chegavam a Nova Pádua ficavam encantados, se comoviam dizendo que sentindo estes sinos remetem-se a aqueles belos concertos deixados lá nas suas cidades de origem, demostrando uma fortíssima saudade. 

Antes dos sinos vindos da França, Nova Pádua já contava com um concerto de sinos que foram fundidos em Garibaldi, mas segundo Benedetto, estes não tinham serventia, pois o som era ruim.

Em seu livro, Nova Pádua e sua história, o Pe. Antônio Galiotto destaca que os sinos eram utilizados como meio de comunicação entre as pessoas. Eles comunicavam não só o horário das Missas, mas anunciavam a morte e os enterros dos paroquianos. Adelina Morandi Sonda prestou este serviço braçal durante 20 anos. “O momento de maior emoção foi em 2010, quando toquei os sinos por ocasião do falecimento do Pe. Hilário Piazza”, recorda ela. 

Quem nunca escutou dos pais, avós e bisavós a frase “Ascolta le campane che suonano. Andiamo che sono mezzogiorno” (Escuta os sinos que tocam. Vamos que já é meio-dia) quando esses trabalhavam na roça e o toque dos sinos serviam como se fossem um relógio. No final da tarde, os sinos voltavam a ser tocados as 18h:00min, hora da Ave Maria, hora em que nossos imigrantes, tirando o chapéu, e dirigindo-se para suas casas, rezavam suas orações de agradecimento e suas preces de final de dia.

Para o Pároco da Paróquia Santo Antônio, Pe. Mário Pasqual, é uma tradição dos imigrantes tocar os sinos para espantar os temporais, chuvas de pedras e ventos fortes com a frase: “Sonemo le campane par sverder la nuvola” (Tocamos os sinos para abrir a nuvem). “Essa “simpatia” é mais usada nas cidades interioranas”, relata o sacerdote. 

Com a chegada do novo concerto de cinco sinos, os velhos foram vendidos por uma “ninharia”, palavra utilizada por Benedetto, só para não ter o desprazer de escutar aquela horrível desarmonia que entediava toda a população. 

Conforme pesquisa do Pe. Galiotto, todos os sinos tem um nome, embora não se saiba o porquê da escolha. O “Campanon”, que pesa 1200 quilos, recebeu o nome de Julia Antônia. A tradução de uma das frases em latim presente no sino diz: Louvo o Deus verdadeiro, convoco o povo, e choro os defuntos. O “campanon” é tocado em velórios e sepultamentos; e cada batidas desde sino parece aumentar a dor de familiares e amigos.

O “campanon, (o último e o maior), chegou mais tarde em Nova Pádua, no ano 1926, chegou 13 anos depois dos cinco primeiras sinos, conforme registro feito na Staffetta Riograndese edição de 29 de setembro de 1926, também vindo da fundição do Sr. Paccard. Annecy – de Savoia - França, pois era consenso, inclusive na Itália, que era a melhor fundição de sinos do mundo. A chegada deste sino era de grande expectativa, pois o pároco Dom Júlio, estava muito preocupado, com receio de que o sino tivesse afundado próximo a Porto Alegre, não se sabe se houve noticia ou somente receio, mas o fato que a expectativas da chegada do sino era muito grande. 

A música “La Domenica”, de autoria do Maestro da Banda Santa Cecília, Lino Pecatti, faz referência aos sinos em seu refrão: 
Senti, senti la campagna, 
/Suona forte el campanon 
/ presto andaimo ala chiesa 
/ Che scomicia le funcion. 
A canção representa a religiosidade dos imigrantes que buscaram na fé, a força para vencer as adversidades encontradas na América.

Os outros sinos renderam homenagem aos pais do Pe. Júlio Scardovelli, à Santo Antônio, São Francisco de Assis e ao Papa Pio X. O reverendo Pe. Mário relata que a muitos anos, quando a Igreja Católica escolhia um novo Papa, pedia que todas as igrejas do mundo tocassem os sinos como forma de acolher o novo Pastor da Igreja. 

Para Bigarella, não era surpresa se naqueles tempos idos não soubessem fundir bons sinos, porque os fundidores desta região não conheciam ainda o sistema de fundir os sacros bronzes em notas musicais, sistema descoberto nos últimos anos na cidade de Garibaldi (antigamente Conde D’eu). 

Adelina lembra que sempre tocou os dois sinos que antecipavam as celebrações na Igreja Matriz. “Quando eram celebradas as missas festivas da paróquia convidava os senhores Vile Bernardi, Domingos Sonda, Aquelino Bernardi, Sabino Bernardi, que trabalhavam como churrasqueiros para me ajudarem a tocar o campanon e mais dois sinos. Sempre consegui pessoas voluntárias, que colaboravam, recordando ainda de Joca Bernardi, Nestor Alessi, Nelso Boniatti, Hugo Boniatti, Nelso Alessi entre outros”, recorda ela.

Benedetto destaca a chegada do progresso nas colônias. “Se fundem um concerto de três, quatro, cinco, seis, sete sinos, em todas as tonalidades, sem poder sequer distinguir a escala diatônica da cromática, isso é uma coisa admirável. Que os agricultores corram para fundir os sinos nos fundidores profissionais para que no futuro se fale mais dos bronzes sagrados de Nova Pádua”, frisa ele em seu texto. 

O Pe. Mario explicou que devido ao formato dos sinos do campanário não foi possível que os mesmos funcionassem com o sistema de automatização, com o objetivo de que os sinos toquem nas celebrações litúrgicas e acontecimentos da comunidade paduense de forma automática. 

Embora a tecnologia esteja batendo a nossa porta, o Pe. Mário reforça a intenção de que os sinos voltem a ser tocados com cordas como sempre foi feito. “Claro que dependemos de pessoas da comunidade que assumam esse compromisso, mas queremos que essa tradição permaneça viva na vida dos paduenses. Também estamos estudando a possibilidade do campagnon ser tocado durante as procissões entre a mortuária e a igreja matriz no falecimento dos paroquianos”, finalizou ele.

Os sinos tem um significado especial na vida dos paduenses, seja de alegria pelas festas e celebrações que marcam o ano litúrgico da igreja ou nos momentos de tristeza marcados pela perda de pessoas queridas que fizeram parte de nossa vida. Tocar os sinos celebrando a alegria e a tristeza talvez seja o elo musical mais intimo que mantemos com nossos antepassados. Os sinos nos remetem ao passado e ao futuro, sempre nos dando a certeza de que passa o tempo, mas o som que fica em nossos corações é imortal. Talvez por isto que o som do sino chega à alma e desperta emoções. 

Por: Maicon Pan

Presidente da Banda convida vereadores para participarem dos 130 Anos da Imigração

Na segunda-feira, 20 de junho, Alvírio Tonet, Presidente da Associação Vêneta de Nova Pádua – AVENP e Gilmar Marin, Presidente da Banda Santa Cecília convidaram os vereadores de Nova Pádua para participarem do Filó comemorativo aos 130 anos da imigração italiana em Nova Pádua. 

Os presidentes das entidades que promovem o evento destacaram a importância de envolver as Escolas com o objetivo de manter vivo o “talian”. A escola Luiz Gelain trabalha em três categorias: uma oração em italiano, a construção de uma história e a elaboração de um monumento que simbolize a imigração para Nova Pádua.

Gilmar e Alvírio com o Presidente da Câmara Léo Sonda
Tonet afirma que será recolocado o “brondo della polenta” como monumento da imigração que terá um ato de reinauguração deste símbolo na Praça Dom Júlio Scardovelli. Gilmar destacou a programação do Filó que acontece no salão paroquial, como o filó, com comidas típicas da época, uma pequena encenação para recordar como foi a chegada as primeiras famílias no Municipio. 

“Durante o filó teremos a apresentação do humorista Edgar Maróstica com o show intitulado “della bodega”. Hoje, na língua veneta, no “talian” é um dos melhores humoristas do Estado”, frisou Alvírio, que ainda destacou a apresentação da Banda Santa Cecília com uma adaptação do espetáculo apresentado na Itália.

Presidentes das entidades fizeram o convite aos vereadores 
Gilmar e Alvírio explicaram a criação e produção do material de divulgação do evento. “No dia 02 de julho queremos deixar um marco na história de Nova Pádua. Essa data ficará como referencia da imigração italiana”, finalizou Alvírio. 

Ao final da conversa, os presidentes das entidades que promovem o evento, entregaram o cartaz de divulgação ao Presidente da Câmara de Vereadores Léo Sonda. 

Por: Maicon Pan

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Banda Santa Cecília realça o brilho da festa de Santo Antônio

No domingo, 12 de junho, a Banda Santa Cecília participou da programação religiosa e social da Festa de Santo Antônio, padroeiro de Nova Pádua. Por coincidência, no dia dos namorados, a comunidade paduenses festejou o “santo casamenteiro”.

Após a missa celebrada pelo reverendo Pe. Mario Pasqual, a Banda Santa Cecília participou da procissão com a imagem do padroeiro Santo Antônio pelas ruas da cidade. Em frente às escadarias da Igreja Matriz os devotos de Santo Antônio receberam a benção final. Em seguida foi realizada a distribuição dos pãezinhos bentos. 

No salão paroquial foi serviço o tradicional almoço de confraternização, com a imagem de Santo Antônio passando pelos corredores e logo em seguida com a benção do alimento. 

Com o talento do Maestro Lino Pecatti e dos demais componentes, a Banda Santa Cecília abrilhantou a tarde com suas tradicionais canções religiosas, italianas e gaúchas.

A Banda Santa Cecília teve a honra e o privilégio de dividir o palco com admirador e incentivador da entidade, Abrelino Vicente Vazzata, que juntos tocaram e cantaram o canto Santa Lucia. 

Por: Maicon Pan

sábado, 18 de junho de 2016

Banda Santa Cecília realiza Filó comemorativo os 130 Anos da Imigração Italiana em Nova Pádua

Banda Santa Cecília e a Associação Vêneta de Nova Pádua – AVENP organizam o Filó comemorativo aos 130 Anos da Imigração Italiana no Município. O evento acontece no dia 02 de julho com uma extensa programação. 

Se Nova Pádua comemora os 130 da chegada dos imigrantes italianos, a Banda Santa Cecília faz parte desta história há 103 anos, marcados com sua musica e talento. Em Nova Pádua a entidade marca presença nos eventos religiosos, cívicos e sociais. 

Banda se apresentará no Salão Paroquial 
Em abril de 2015, o grupo esteve na Itália para fazer cinco apresentações em solo italiano, por meio do projeto Cent’Anni di Musica. A viagem teve como objetivo a troca de conhecimentos, fortalecimento e a manutenção da história da Banda Santa Cecília. 

Na sua identidade artística a Banda Santa Cecília guarda a cultura herdada dos antepassados e fundadores. Depois da missa in “talian” e do descerramento da placa alusiva à data, a Banda Santa Cecília fará uma apresentação, numa adaptação do espetáculo apresentado na Itália. 

O Filó integra a programação da Festa do Colono e Motorista e tem o apoio da Prefeitura Municipal e da Câmara de Vereadores de Nova Pádua. 

Por: Maicon Pan

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Série "você sugere o post"

Criado em julho de 2011, o blog passou a contar a história da Banda Santa Cecília com a ajuda de pessoas que se propõem a colaborar com a entidade centenária. 

Hoje, o blog abre a série "VOCÊ SUGERE O POST". Envie a sua sugestão de matérias para o blog através do e-mail: pan.maicon@hotmail.com, por WhatsApp: 99393550, mensagem na Fan Page da Banda Santa Cecília ou pessoalmente.

Por: Maicon Pan

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Banda Santa Cecília se despede do incentivador Hugo Sonda

No sábado, 04 de junho, a Banda Santa Cecília de Nova Pádua despediu-se de mais um grande incentivador. Hugo Sonda partiu desta vida aos 81 anos de idade, mas deixou muitos exemplos de vida aos familiares e amigos. 

O dom da música sempre se fez presente em sua família. O avô, Domênico Sonda, foi um dos fundadores da Banda Santa Cecília. O pai, Rugero Sonda, tocou na Banda durante 60 anos. Embora ele próprio não tenha ingressado na entidade, Hugo foi um dos incentivadores para que o neto, Bernardo Sonda, viesse a integrar a Banda. 

Hugo Sonda deixa exemplos de fé, respeito e amizade 
Em abril de 2013, Bernardo iniciou a trajetória na Banda, mostrando o talento que passa de geração para geração. “Quando chegava dos ensaios e apresentações, ele me perguntava como tinha sido, e se as pessoas haviam gostado”, recorda Bernardo. 

Para Bernardo, o avô deixará o exemplo de quem tratava todos com muito respeito, de um homem religioso que participava das missas, e do amigo para todas as horas. 

Além do incentivo para que ingressar na Banda, Hugo ensinou muitas outras coisas para o neto. “Meu avô me ensinou a ser um bom motorista. Com cinco anos de idade, o “nono” me pegava no colo e andávamos de trator pelas colônias. Outro desafio era dar marcha ré com o reboque, que aprendi graças a sua ajuda. Só tenho momentos alegres com esse companheiro e herói”, finaliza Bernardo. 

Bernardo, ainda criança, com o avô e companheiro Hugo
Enquanto o caixão era conduzido da Capela Mortuária até a Igreja Matriz, a Banda Santa Cecília tocou a Marcha Fúnebre Santa Cruz. No ofertório entoou o andante Lurdes e no final da celebração prestou uma homenagem a Hugo com a emocionante canção Sobe ao Céu

A Banda Santa Cecília apresenta suas condolências à família e amigos pela perda irreparável deste ente querido que valorizou, prestigiou, e manteve a entidade sempre viva no berço de sua família. 

Hugo, vá em paz para junto de Deus. 

Por: Maicon Pan

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Banda participa do evento comemorativo aos 25 Anos do Coral Santa Cecília

No sábado, 28 de maio, o Coral Santa Cecília organizou o 2º Encontro de Corais, em comemoração aos 25 Anos de sua Fundação. A programação do evento teve a missa de ação de graças celebrada pelo Pe. Mário Pasqual e animada pelo Coral Santa Cecilia. Após a missa, ainda na Igreja Matriz, o público prestigiou as apresentações dos Corais.

Coralista Nelso Boniatti é o presidente e Nestor Pecatti o Maestro
Participaram do encontro, o Coral Eco do Vales, da capela São Luiz, de Nova Roma do Sul, o Grupo La Marcolina, de Otávio Rocha, Flores da Cunha, o Coro Municipal de Nova Roma do Sul, o Coro Municipal de Flores da Cunha, o Coral Vozes do Futuro, de Nova Pádua, que é formado por 25 jovens, o Coral Santa Juliana, de Mato Perso, Flores da Cunha e o Coral Stella Alpina, de Caxias do Sul. 

Ao final de cada apresentação, o Coral Santa Cecília de Nova Pádua fez a entrega de uma placa agradecendo a participação ao Presidente de cada Coral. O Coral também fez a entrega de um “mimo” da Boscatto Vinhos Finos ao maestro (ina) ou regente dos sete grupos que encantaram com repertório que teve musicais religiosas, gaúchas, MPB e italianas. 

Terminada a apresentação, o Coral prestou uma homenagem especial ao Reverendo Pe. Mario Pasqual, pároco da Paroquia Santo Antônio, com a entrega de uma placa, como forma de reconhecer o incentivo e apoio ao Coral.

A Banda Santa Cecília também foi agraciada com uma honraria. Representando o Maestro Lino Pecatti, a integrante Rita Cristina Pecatti Daniel recebeu a placa das mãos do irmão e Maestro do Coral, Nestor Pecatti, como forma de reconhecer o trabalho realizado pela entidade nestes 103 anos de atividades. A Banda, junto com o Coral são os maiores patrimônios culturais de Nova Pádua. 

Logo após, no salão paroquial, foi servido um jantar de confraternização animado pela Banda Santa Cecília. Ao final do Encontro a Banda prestou uma homenagem ao Coral Santa Cecília com o canto Amigos para Sempre como podemos assistir no vídeo acima. 

Por: Maicon Pan